kairos

καιρός, momento justo, momento auspicioso, momento propício

Theodore Kisiel situates the 1922 treatise in the context of Heidegger’s early lecture courses on Aristotle in part 2 of his study The Genesis of Heidegger’s Being and Time, 221-308. Heidegger’s analyses of the kairos in Aristotle are also crucially informed by his readings of the kairos in early Christianity; in particular, the 1920/21 course “Introduction to the Phenomenology of Religion” (G A 60) is important here. (See Kisiel, 149-219.) This course centers on the meaning of early Christian eschatology as documented in St. Paul’s Epistles to the Thessalonians. In Pauline eschatology, Heidegger emphasizes, the eschaton is not afuture event, and parousia does not have the sense of “arrival” or “presence” found in Greek, Platonic-Aristotelian thought (GA60, 98ff.). The kairos of the parousia – the Augenblick, as Heidegger translates it (GA60, 102) – is experienced only in an eidenai that implies an already having seen one’s own having come to be (genesthai) (GA60, 93-95). It is a knowing experience of the radical finitude and uncertainty of one’s being before the unseen God, a “wakefulness” of factical existence. (For an excellent and insightful account of this course, see Thomas Sheehan, “Heidegger’s ’Introduction to the Phenomenology of Religion,’ 1920-21,” The Personalist 60, no. 3 (July 1979): 312-24. John van Buren, in The Young Heidegger (Bloomington: Indiana University Press, 1994), provides a rich account of Heidegger’s interpretations of the unsettling eschatology of the kairos in “primal Christianity,” as opposed to the eschatological prophecy found in later Christian and Scholastic thinkers under the influence of Greek philosophy and its prioritizing of the theoretical, contemplative life. See part 2 of his study, chapter 8 (157-202). See also Van Buren’s discussion of the kairos in Heidegger’s readings of Aristotle (228-34). In connection with the theoretico-scientific approach to history, see Charles Bambach, Heidegger, Dilthey, and the Crisis of Historicism (Ithaca: Cornell University Press, 1995), 211-38. Otto Pōggeler’s Der Denkweg Martin Heideggers (Pfullingen: Neske, 1963) is still an important resource for understanding Heidegger’s theological background. See also Hugo Ott, Martin Heidegger (Frankfurt/New York: Campus Verlag, 1988).) Heidegger’s readings of primal Christianity thus suggest a very different experience of the kairos from the sense of “fullness of time” or “fulfiled time” in later and modem Christianity. (Cf. Kierkegaard’s The Concept of Anxiety, trans. Thomte (New Jersey: Princeton University Press, 1980); also the essays by Paul Tillich, “Kairos,” and “Kairos und Logos,” in Kairos, ed. P. Tillich (Darmstadt: Otto Reichl Verlag, 1926). For an overview of the diverse philosophical and theological meanings of kairos, see M. Kerkhoff and E. Amelung, in Historisches Wōrterbuch der Philosophie, ed. J. Ritter L· K. Gründer (Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1976), 667-69. Kerkhoff’s essay “Zum antiken Begriff des Kairos,” Zeitschrift für Philosophische Forschung 27, no. 2 (1973): 256-74, gives a rich and detailed overview of the history of this word.) Nevertheless, Heidegger does not simply read the early Christian sense of the kairos that he finds in St. Paul into Aristotle’s Nicomachean Ethics. Rather, it is surely Aristotle (mediated by Luther, and, of course, in conjunction with Husserl) who first provides Heidegger with the phenomenological eye and conceptuality with which to analyse the temporality of the kairos in a manner attentive to “the things themselves.” (MCNEILL, William. The Glance of the Eye. Heidegger, Aristotle, and the Ends of Theory. New York: SUNY, 1999, p. 45)


VIDE: kairos

καιρός: «instante», «momento». (NB, p. 42 (ἔσχατον (eschaton)); GA60, pp. 98-105, 106-110 (παρουσία (parousia)), 150 (καιρός); GA61, pp. 137, 139; GA63, pp. 57, 101; GA22, p. 312; GA19, pp. 52, 364; SZ, p. 409 (instante = fenómeno originario de la temporalidad, kairós.) (LHDF)


KAIROS = MOMENTO PROPÍCIO, ESTAÇÃO


Disse-lhes, então, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo; mas o vosso tempo sempre está presente. O mundo não vos pode odiar; mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más. Subi vós à festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda não é chegado o meu tempo. (Jo 7:6-8)


Segundo o “Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento” de Coenen & Brown, o tempo e a eternidade são duas categorias complementares para compreensão do processo histórico. A língua grega tem uma riqueza de vários termos com os quais se expressa a experiência do tempo. Quando semelhante era se refere ao passado, denota a antiguidade remota, o passado obscuro e distante; quando diz respeito ao futuro que continua aion pode assumir o significado de “eternidade”. A eternidade portanto não é necessariamente um conceito intemporal, mas sim o conceito temporal mais compreensivo que a experiência do tempo tem produzido. Teologicamente falando, o tempo duradouro é propriedade de Deus, o Criador, ao passo que o tempo passageiro pertence ao homem, como criatura. Kkronos denota principalmente a expansão quantitativa e linear do tempo, um espaço ou período de tempo, e portanto é um termo para o conceito formal e científico do tempo. Nesta conexão há vários termos que abrangem um período específico do tempo: especialmente eniautos, “ano”; men, “mês”, hemera, “dia” e hora, “hora”. Por contraste a ênfase característica de kairos chama a atenção ao conteúdo do tempo, negativamente como crise e positivamente como oportunidade. Visto que os advérbios nyn, “agora” e semeron, “hoje”, que se referem ao presente, e também são fundamentalmente revindicados para o conceito linear do tempo (marcando, neste caso, um ponto presente no tempo), são empregados no NT principalmente em um sentido qualificador, e estão incorporados o artigo kairos. É instrutivo para a totalidade do modo de o NT entender o tempo que não é conceito formal de Kkronos, mas, sim, o de kairos, que qualificava o conteúdo do tempo de Jesus, que fica em primeiro plano.

Mais adiante, em longo entrada dedicada a kairos, enquanto “tempo”, especialmente um “ponto no tempo”, “momento”, o dicionário apresenta correlatos como eukaireo, “ter oportunidade”; eikairia, “oportunidade favorável”, “momento certo”; eukairos, “oportuno”, “quando conveniente”; akaireomai, “não ter tempo, oportunidade”; akairos, “intempestivo”, “mal cronometrado”, “inoportuno”; proskairos, “temporário”, “passageiro”; semeron, “hoje”; nyn, nyni, “agora”; arti, “agora”, “neste momento”, “imediatamente”; euthys, “subitamente”, “imediatamente”; eutheos, “subitamente”, “imediatamente”.

No grego clássico o substantivo kairos tem longa história, já encontrado em Hesíodo, denotava “medida certa”, “proporção correta”. Em Aristóteles, positivamente subentende “oportunidade” ou a “vantagem”; negativamente “perigo” em Platão. Assim foi se firmando como “importância”, “norma”, “sábia moderação”, “tempo apropriado”, “momento favorável”, mas pode se associar a outros termos relativos a tempo, qualificando o tempo citado por seu conteúdo especial.

Ocorre mas de 300 vezes na Septuaginta, referindo ao tempo especial do ponto de vista do encontro entre Deus e o homem. No NT ocorre 30 vezes em Paulo e 22 nos Atos; seus derivados (eukaireo, eukairia, eukairos, akairos, proskairos, semeron, nyn, nyni, etc.) ocorrem inúmeras vezes nos Evangelhos, acompanhado geralmente o modo de entendimento do termo no AT. No entanto, o elemento novo e constitutivo para qualquer conceito cristão do tempo é a convicção de que com a vinda de Jesus, raiou um kairos sem igual, mediante o qual é qualificado o restante do tempo.