Na antiguidade, aprender a ler e escrever era um processo trabalhoso, comandado a cada etapa pela cópia, chamada mimesis (imitatio, em latim, donde vem “imitação”), e pela memorização. Desde as letras até a redação, o processo de aprendizagem era o mesmo. O estudante era apresentado a paradigmas, sentenças e modelos de redação a serem dominados mediante a cuidadosa repetição. Isso fixava padrões aceitos na mente dos alunos. Assim, havia um teste, a leitura em voz alta e a apresentação do material de cor. Só então eram permitidas ligeiras modificações, experiências com mudanças de tom de voz e paráfrases (transmissão do mesmo sentido com palavras diferentes). A imitação tinha por objetivo o que chamaríamos de interiorização de um modelo de redação pela apropriação do modelo e pela capacidade de apresentá-lo como se fosse próprio. Esperava-se que os mais habilidosos e talentosos finalmente redigissem o que chamaríamos de peças criativas e originais, mas isto se reservava a uns poucos, e continuava a ser considerado um processo de bricolagem, de “encontrar” a imagem certa para fazer uma determinada observação, a ser buscada no vasto estoque de sentenças e imagens preconcebidas da tradição literária e cultural.