Humiliati

Produto da vigorosa fermentação religiosa do século XII, os Humiliati surgiram na Lombardia, atraindo um considerável contingente de prosélitos nobres e patrícios. Eles viviam como leigos devotos de ambos os sexos, ou em conventos duplos, e distinguiam-se por sua austeridade penitencial, pobreza comunitária e trabalho entre os enfermos, os leprosos e os indigentes. Embora ortodoxos nas intenções, foi-lhes proibido pregar pelo Terceiro Concílio de Latrão (1170) e chegaram mesmo a ser excomungados pelo confuso decreto Ad Abolendam de Lúcio III (1184). As semelhanças apontadas entre os Humiliati e os heréticos patarinos e cátaros foram superadas pela esclarecida política de Inocêncio III de distinguir entre movimentos dissidentes e seitas heréticas. O pontífice reorganizou os Humiliati num instituto de três ordens, com cônegos e irmãs em mosteiros duplos, laicado celibatário e, finalmente, laicado casado como terciários seculares. (Esta ordem terceira afastou-se em 1272.) A ordem de seculares recebeu o extraordinário privilégio de lhe ser permitido pregar, sob condição de que restringissem seus sermões a exortações em prol de uma vida cristã, abstendo-se de quaisquer considerações de natureza teológica. Um prelado dessa época, o bispo Jacques de Vitry, era grande admirador dos Humiliati, declarando que eles, sem ajuda de ninguém, estavam mantendo em xeque a heresia em Milão. No século XV, o seu número declinou e em 1571 o papa Pio V suprimiu o ramo masculino. (DIM)