gênese fenomenológica

Na sua primeira fase, o método define-se em parte pela eliminação de qualquer preocupação genética (crítica de uma psicologia explicativa dos fenômenos pela história empírica do sujeito). Por exemplo, não é o ato de enumeração que gera o número; os conceitos não surgem das imagens acumuladas; a apreensão direta da coisa não se compreende a partir das associações sensoriais. Já, é verdade, neste primeiro momento da análise a intencionalidade não pode ser tratada inteiramente como um só ato não diversificado. Qualquer apreensão de objeto complexo requer uma rede de intencionalidades convergentes de que a intencionalidade «maciça» (expressão de E. Fink) é a síntese. O objeto da experiência é dado em sínteses. Mas, tomando para tema a sua explicação completa, a análise intencional de «a vida transcendental» vai descobrir que a síntese ativa, a que se completa na intencionalidade atual, para uma subjetividade já desenvolvida, remete sempre a uma primeira síntese, que, relativamente àquela, convirá chamar passiva. A atividade da intencionalidade atual incide sobre a coisa, da qual faz o sujeito de um anunciado (predicativo), preenche-se na coisa. Uma elucidação mais desenvolvida faz descobrir paralelamente às «constituições», «pré-constituições», que não são no nível do corpo, por exemplo, as atitudes, os habitus, um comércio com as coisas, «antes» que haja para nós coisas enunciáveis. Faz descobrir uma intencionalidade virtual à qual corresponde um dado ou verdade «antepredicativa». A exploração deste campo, do qual a reflexão transcendental recua sempre as fronteiras, é a tarefa de uma análise genética que se distinguirá da primeira, definida como estática, na medida em que não tem em conta senão a evidência atual e não a elaboração oculta (Logique, apêndice).

A gênese fenomenológica, não sendo nem real nem causal, permanece no quadro do princípio da evidência. É sempre no ego que reflete, no seu eidos ou na sua estrutura própria que ela se funda. É a partir dele que ela permitirá compreender a minha própria constituição como eu empírico ou como homem, a dos outros, a de uma história. [Schérer]