(lat. fruitio; in. Fruition; fr. Fruition; al. Genus; it. Fruizioné).
Na escolástica medieval foi assim chamado o usufruto de Deus por parte do homem ou, em geral, por parte das criaturas racionais, na medida em que Ele constitui o fim último delas (cf. Tomás de Aquino, S. Th., II, 1, q. 11, a. 3). A distinção entre a fruição de Deus e uso das coisas já fora considerada fundamental por Pedro Lombardo, servindo de base as seções de seu Livro das sentenças (séc. XII). Também encontramos a distinção entre uso e fruição em Hobbes: “Do bem que desejamos por si mesmo não fazemos uso, visto que o uso é das coisas que servem de meios e de instrumentos, mas a fruitio é como o fim da coisa proposta” (De bom., XI, § 5). Às vezes essa palavra é usada em sentido análogo na filosofia contemporânea, p. ex. por Dewey (Experience and Nature, 1926, cap. 3), outras vezes com significação diferente como em S. Alexander (Space, Time andDeity, 1920), indicando a percepção imediata que a consciência tem de si mesma (percepção imanente no sentido de Husserl) (v. Consciência). Whitehead falou de autofruição (Autofruition) como característica da vida, porquanto esta se apropria dos processos físicos da natureza (Nature and Life, 1934, II). [Abbagnano]