filosofia realista

Não quisera terminar esta lição sobre Aristóteles sem fazer, por assim dizer, em poucas linhas, o balanço da metafísica realista. Dizia que a filosofia de Aristóteles representa o esforço máximo e melhor sucedido para estruturar em geral uma concepção do universo de tipo realista. Pois bem: vamos extrair dessa metafísica realista (cujas etapas através do pensamento grego temos seguido, desde Parmênides até Aristóteles), as teses fundamentais de todo realismo, diferentes respostas dadas à pergunta: que existe? Primeira tese: existem as coisas. Segunda tese: existem as coisas como inteligíveis, quer dizer, que, além de ser, consistem; além de ser, são isto ou aquilo; têm uma essência e são inteligíveis. Terceira: existe a inteligência o pensamento, Deus. Quarta: o homem é uma das coisas que existem. Quinta: o homem é inteligente relativamente, quer dizer, participa da inteligência que existe. Sexta: o homem conhece que as coisas são e o que as coisas são. Sétima: a atividade suprema do homem consiste no conhecimento.

De uma ou outra forma, ocultas ou manifestas, implícitas ou explícitas, estas teses estão na raiz, na estrutura de toda filosofia realista. Estas teses constituem o realismo. Veremos numa próxima lição como chega a humanidade a adotar um princípio radicalmente oposto neste e como o novo ponto de vista produz uma série de esforços para estruturar-se e adotar forma sistemática, e todos esses esforços constituem a série da filosofia moderna. O Parmênides da filosofia moderna será Descartes. [Morente]