filosofia alemã

Designa, quase exclusivamente, o período (fim do séc. XVIII — começo do séc. XIX) que vai de Kant a Hegel e constitui a grande época do idealismo alemão (Kant, Reinhold, Maïmon, Fichte, Jacobi, Schelling, Hegel). Esse período foi precedido, no séc. XVII, pela filosofia de Leibniz, reexposta e divulgada por Wolff. Foi seguido, no séc. XIX, pelo desenvolvimento do neokantismo, que se esforça por aprofundar a teoria kantiana do conhecimento e por adaptá-la às formas da ciencia moderna (escola de Marburgo: H. Cohen, P. Natorp, E. Cassirer); pela filosofia dos valores da escola de Baden: Lotze, H. Rickert; pelo nascimento da fenomenologia com Edmund Husserl. Destaque-se, no começo do séc. XX, a obra profunda de E. Lask, que tenta fazer a síntese do criticismo kantiano e do intuicionismo da fenomenologia; a filosofia da natureza de Nicolai Hartmann; a renovação do idealismo alemão com Arnold Gehlen, a filosofia do ser de Martin Heidegger e a filosofia da existência de Karl Jaspers. De um modo geral, a filosofia alemã está marcada, ao longo de toda a sua história, por um duplo desejo de aprofundamento, que se desenvolve por vezes à custa da clareza das ideias e que tem sua origem na mística de Mestre Eckart (séc. XIII — XIV) e de J. Boehme (séc. XVI), e da clareza analítica própria ao espírito alemão. Pode-se distinguir, nessa história, os racionalistas, que se inspiram na segunda tendência (Leibniz, séc. XVII; Kant, Fichte, séc. XVIII — XIX; Husserl, E. Lask, séc. XX), e os românticos, que se inspiram na primeira (Schelling, Hegel, Heidegger). [Larousse]