(gr. skema; lat. figura; in. Figure; fr. Figure, al. Figur, Gestalt; it. Figura).
1. Com este termo são designadas tradicionalmente as formas fundamentais do silogismo, diferentes dos modos , que são especificações de tais formas. Aristóteles distinguiu as diferentes figuras do silogismo segundo a função do termo médio, que serve para mostrar a inerência do predicado ao sujeito da conclusão. Na primeira figura, o termo médio serve de sujeito na premissa maior e de predicado na premissa menor. Na segunda figura, serve de predicado em ambas as premissas, uma das quais negativa, e a conclusão também é negativa. Na terceira figura, serve de objeto em ambas as premissas e a conclusão é particular. A tradição atribui a Galeno, famoso médico e filósofo aristotélico do séc. II d.C., a distinção de uma quarta figura, em que o termo médio serve de predicado na premissa maior e de sujeito na premissa menor: os modos dessa figura haviam sido incluídos por Aristóteles entre os da primeira. A separação foi feita porque se definiu como premissa maior a que compreende o predicado da conclusão, e como premissa menor a que compreende o sujeito da conclusão (Prantl, Geschichte der Logik, I, pp. 570 ss.). Cada figura, por sua vez, divide-se em certo número de modos, conforme a qualidade e quantidade das proposições que constituem as premissas e a conclusão, ou seja, segundo as premissas e a conclusão, consideradas individualmente, sejam universais ou particulares, afirmativas ou negativas. Como na escolástica se usou a letra A para indicar a proposição universal afirmativa, a letra E para indicar a proposição universal negativa, a letra I para indicar a proposição particular afirmativa e a letra O para indicar a proposição particular negativa (daí os versos: A affirmat, negat E, sed universaliter amhae, I firmat, negat O, sed particulariter ambae), formaram-se palavras mnemônicas para indicar os vários modos do silogismo, palavras nas quais as duas primeiras vogais indicam as premissas e a terceira, a conclusão. Assim, os nove modos da primeira figura foram indicados pelas palavras barbara, celarent, darii, ferio, baralipton, celantes, debitis, fapesmo, frisemorum. Os quatro modos da segunda figura foram indicados pelas palavras cesare, camestres, festino, baroco. Os seis modos da terceira figura foram indicados pelas palavras darapti, felapto, disamis, datisi, bocardo, ferison. Os últimos quatro modos da primeira figura são os que se atribuem à quarta figura, quando distinguida. As iniciais das palavras mnemônicas também têm significado. Todos os modos indicados por uma palavra que comece com B podem ser reduzidos ao primeiro modo da primeira figura; os indicados por uma palavra que comece com C são redutíveis ao segundo modo da primeira figura; os indicados por uma palavra com D inicial são redutíveis ao terceiro modo da primeira figura; e os indicados por uma palavra com F inicial reduzem-se ao quarto modo da primeira figura (cf., sobre o uso das palavras mnemônicas, Pedro Hispano, Summ. log., 4.18 ss.). Para cada modo, ver as palavras relativas.
2. Com esse mesmo termo, que traduz o alemão Gestalt, indicam-se as determinações da fenomenologia do espírito de Hegel. Tais determinações são “figuras da consciência” (Phänomen. des Geistes, pref., ed. Glockner, pp. 36 e passini) ou “graus do caminho já traçado e batido” pelo Espírito Universal, ou seja, etapas através das quais a consciência chegou à consciência de si como Consciência Infinita e Absoluta. Como se sabe, entre as figura da fenomenologia Hegel inclui também criações fantasistas, o que estabelece uma diferença entre essas figura e as categorias, que são objeto da Enciclopédia. Com efeito, as categorias são determinações necessárias e necessariamente reais. [Abbagnano]
Em sentido geral, a figura é equivalente à forma, perfil ou contorno de um objeto. Alguns autores distinguem entre figura e forma. Concebe-se então a primeira como o aspecto exterior de um objeto, isto é, a sua configuração. A forma, em contrapartida, é o aspecto interior de um objeto, a sua essência. Na lógica chamam-se figuras de um silogismo aos diferentes modelos que se obtêm mediante a combinação dos termos maior, médio e menor num raciocínio silogístico. Como o termo médio pode ser sujeito na premissa maior e predicado na premissa menor; predicado nas duas premissas; sujeito nas duas premissas ; e predicado da premissa maior e sujeito na premissa menor, temos quatro figuras que se esquematizam do seguinte modo (não é possível, com este processamento de texto, transcrever este esquema). [Ferrater]