(in. Fetishism; fr. Fétichisme, al. Fetichismus; it. Feticismó).
Crença no poder sobrenatural ou mágico de certos objetos materiais (it. feticci; v. port. feitiço = artificial). Mais geralmente, atitude de quem considera animados os objetos materiais, e os tipos de religião ou de filosofia baseados nesta crença. Neste segundo sentido, esse termo não é mais usado, por ter sido substituído por animismo . Em geral, os filósofos empregam essa palavra em sentido depreciativo; por exemplo, Mach chamou de fetichismo a crença nos conceitos de causa e de vontade (Populärwissenschaftliche Vorlesungen, 1896, p. 269). Comte exaltara o fetichismo, por encontrar nele alguma afinidade com o positivismo, porquanto ambos veem em todos os seres uma atividade análoga ou semelhante à humana, e assim estabelecem a unidade fundamental do mundo que se expressa na teoria do Grande Ser (Politique positive, III, p. 87; IV, p. 44). Kant, por outro lado, chamou fetichismo a religião mágica, de quem realiza certas ações que por si nada contêm de agradável a Deus, nada têm de moral, com o fim de obter favores divinos e satisfazer desejos pessoais. Neste sentido, o sacerdócio é “a constituição de uma igreja em que reina o culto fetichista, onde o fundamento e a essência do culto não são constituídos por princípios de moralidade, mas por disposições estatutárias, regras de fé e observâncias” (Religion, IV, seç. 2, § 3). [Abbagnano]