A ética da situação ocupa-se com o tema da aplicação da lei moral universal aos casos individuais ou às situações particulares. A decisão e escolha moral não se verificam atendendo de maneira puramente abstrata às normas gerais mas só tomando em consideração as circunstâncias especiais, acaso absolutamente únicas e irrepetíveis, e que em determinados casos requerem a aplicação da epiqueia. A questão mais importante empostada pela ética da situação formula-se nos termos seguintes: será lícito tomar uma decisão contra a lei clara e certa, de sorte que praticamente se deva falar de privar a lei de sua vigência, ao menos em casos particulares ? Muitos representantes da ética da situação parece defenderem esta opinião. Para eles são possivelmente razões capitais os valores da pessoa individual, as incontáveis possibilidades de realização da experiência que sempre permanecem inéditas, o caráter, estranho à vida, de normas puramente gerais, e provavelmente, e não em derradeiro lugar, a dificuldade aparentemente excessiva e a pretensa impossibilidade de cumprir plenamente a lei moral. Seu fundamento filosófico é constituído pela dúvida cética acerca da existência cie uma essência espiritual permanente da pessoa, que se mantenha estável através de todas as situações e, em geral, a renúncia a uma interpretação religioso-metafísica do universo. Os preceitos proibitivos da lei moral natural nunca admitem exceção ou dispensa em casos singulares. Todas as situações particulares nada mais fazem do que concretizar a lei universal, que, em seu conteúdo, flui da imperecedoura dignidade da pessoa espiritual e, por isso mesmo, constitui sua defesa e garantia. O fato de, em consequência da inviolável validade da lei, se deverem fazer até mesmo sacrifícios heróicos em determinadas circunstâncias, não prova que a lei seja estranha à vida; demonstra somente a dignidade da pessoa, que sobrevive e supera todos os valores terrenos e que só encontra sua definitiva compreensão numa moral religiosa. — Schuster. [Brugger]