25. Nas duas últimas palavras — «origem comum» — tocamos um ponto importantíssimo para a sequência deste ensaio. Com efeito, parece-nos, no mesmo movimento caíram do Ser coisa–Mundo e Homem–coisa. Por sua própria iniciativa, o homem não fez coisas do que o não era. Homem fabricante de coisas e coisas fabricadas pelo Homem estão entre si como o lado de dentro e o lado de fora da mesma carência de ser, do mesmo desligamento da origem, da mesma rebelião do Anjo Separador, da mesma subversão de valores absolutos. Mas há valores absolutos? Só os separados, além do Horizonte Extremo, onde, para falar a linguagem do mito, moram todas as potências cosmogônicas. Estas, porém, não há como subvertê-las. A subversão acima referida só incide, portanto, sobre o que delas se fez imagem, aquém daquele horizonte. E, como tentaremos mostrar, essa imagem é símbolo. [112] «Subversão de valores absolutos» equivale, por conseguinte, à degenerescência dos símbolos em coisas-só-coisas. Coisas fazem-se por eliminação ou só obscurecimento ou dissipação do «ser–origem» delas. Por esquecimento ou ocultação (lanthánesthai – lanthánein – alétheia) daquele ser–origem. Assim, diríamos que o símbolo é a verdade da coisa, ou a coisa em sua verdade. No Mundo diabólico, olvidada e oculta está a verdade de todos os mundos simbólicos. Mas só da mente humana, considerada em si mesma, não há caminho deste Mundo falso para aqueles mundos verdadeiros. Metaforicamente falando, o Ser–Verdade revela-se-nos, se quiser. E se o quiser, a coisa-criatura do Homem e o Homem-criatura do Amigo das coisas desenvolvem-se, despem-se de envolturas que fazem que uma fique sepultada no ocultante e o outro no esquecimento. [EudoroMito:112-113]