A migração e assentamento dos povos eslavos em seus conhecidos grupos modernos foi uma característica dos primeiros tempos da história medieval tanto quanto os movimentos germânicos. Historicamente, estabeleceram-se em três poderosos grupos: os eslavos do noroeste (poloneses, tchecos, boêmios, vênedos etc), os eslavos do sudoeste (sérvios, croatas, “iugoslavos” em geral) e os eslavos orientais (russos). Todos esses termos são generalizados e nenhum dos agrupamentos é, em qualquer sentido, racialmente puro, mas as línguas básicas derivaram todas da mesma família indo-europeia, e os próprios povos, no início da Idade Média, instalaram-se principalmente na Europa Oriental, com pontos focais nos Cárpatos, a partir dos quais penetraram para o norte e o oeste até o Elba, para o sul e o oeste até os Balcãs, e para leste ao longo de ambas as margens dos grandes rios da Rússia histórica.
Receberam o Cristianismo, o símbolo do assentamento e da aceitação no novo mundo medieval, em diferentes épocas e de diferentes fontes. A obra de São Cirilo (m. 869), de Bizâncio, criou uma liturgia na tradição da Igreja oriental e uma escrita que formou a base da moderna escrita cirílica usada na Rússia e na Bulgária. Os missionários ocidentais, entretanto, predominavam na fronteira germânica. Em fins do século X, os boêmios eram cristãos, com uma sé estabelecida em Praga. Os poloneses também foram convertidos pelo Ocidente, com um episcopado principal em Gniezno e — apesar da persistência de práticas pagãs, sobretudo entre os vênedos — o Cristianismo ocidental e a influência de Roma constituíram as principais forças culturais entre os eslavos do noroeste desde cerca de 1000 em diante. O quadro era diferente no sul e no leste: o Cristianismo bizantino ortodoxo predominou entre os sérvios e iugoslavos em geral, a partir do último quartel do século IX. A leste, os passos decisivos foram dados tardiamente, durante o reinado de Vladimir, o Grande (980-1015), que aceitou a fé ortodoxa para os seus povos eslavos orientais, os russos.
Experiências políticas profundamente diferentes nos séculos seguintes aumentaram as divergências entre os povos eslavos, mas nenhuma força foi mais poderosa do que a religião na criação das características especiais dos Estados na Polônia e na Tchecoslováquia católicas, por um lado, na Rússia e na Servo-Croácia ortodoxas, por outro. (DIM)