“Ente de razão” (ens rationis) é aquilo que só pode existir como conteúdo de pensamento, nunca porém “em si”, ou seja, como ente independente do pensamento. Portanto, só em sentido impróprio recebe o nome de “ente”, pelo fato de o concebermos à maneira de uma coisa. Contudo o ente de razão não é necessariamente mera imagem ilusória; pelo contrário, via de regra, tem um determinado fundamento ontológico (fundamentum in re), ao qual a maneira de ser própria de nossa atividade mental adiciona uma determinação puramente intelectual. Esta adição não se faz arbitrariamente, mas tem uma função cognoscitiva de “deixar entrever” (comparável à construção geométrica auxiliar). Assim, por exemplo, no conceito de espaço a extensão real dos corpos é o fundamento ontológico; mas o fato de esta extensão ser pensada à maneira de um ente independente capaz de receber dentro de si os mais variados corpos, é puro ingrediente mental, que, não obstante, possibilita, p. ex., formular proposições objetivas acerca da posição dos mesmos corpos. Como espécies principais de entes de razão, distinguem-se os entes de razão negativos resultantes de negação e os privativos (privação) (p. ex., o nada, a cegueira), bem como as relações puramente mentais (p. ex., a identidade entre sujeito e predicado). — De Vries. [Brugger]