atitude de não-neutralidade em presença de um conflito de deveres ou ideias. — A própria palavra, posta em evidência nesses últimos anos pelos partidários do personalismo (Emmanuel Mounier) e do existencialismo (J.-P. Sartre), é atual apenas na aparência: o próprio Sócrates não fazia “filosofia engajada”? Fizeram-no sentir isso com bastante intensidade. Também a fazia Jesus Cristo, quando expulsava os mercadores do Templo; também Pascal, compondo seus “Pensamentos” a fim de combater os “libertinos”, e Voltaire, lançando o seu Tratado da tolerância para obter a reabilitação do protestante Calas. Persiste o fato de que o “engajamento” no plano do pensamento, e mais particularmente, no da filosofia, aparece mais cheio de perigos do que o engajamento do escritor ou qualquer outro membro da “comunidade”, precisamente na medida em que a filosofia quer-se uma ciência (isto é, uma busca conduzida com serenidade) e, além disso, universal (isto é, válida independentemente das opções religiosas ou políticas). A noção de engajamento (em si muito discutível, e discutida, na verdade) teria ao menos libertado a filosofia clássica de seu tom voluntariamente distante, obscuro e abstrato: se ela pretender permanecer desinteressada, o pensamento não quer mais ser gratuito, mas útil para todos os homens. “O engajamento, escreve E. Mounier, não é apenas uma constatação de fato (que somos no mundo), mas uma regra sã de vida.” Para Merleau-Ponty, ao contrário, o filósofo só pode participar falando, expressando-se e não agindo: o filósofo “não participa como os outros; falta ao seu assentimento algo de maciço e carnal… A reflexão o cerceia a princípio, mas para fazê-lo melhor sentir os liames de verdade que o ligam ao mundo e à história.” [Larousse]