Segundo Gunnar Myrdal (The political element in the development of economic theory [1953], p. xl), a “ideia da economia social ou administração doméstica coletiva (Volkswirtschaft)” é um dos “três focos principais” em torno dos quais “se cristalizou a especulação política que impregnou a economia desde o início”. [ArendtCH, 5, Nota]
Cf. Myrdal, The political element in the development of economic theory: “A noção de que a sociedade, como um chefe de família, administra a casa em favor dos seus membros, é profundamente arraigada na terminologia econômica (…). Em alemão, a palavra Volkswirtschaftslehre sugere (…) que existe um sujeito coletivo da atividade econômica (…) com um fim comum e valores comuns. Em inglês (…) ‘teoria da riqueza’ [theory of wealth] ou ‘teoria do bem-estar’ [theory of welfare] exprimem ideias semelhantes” (p. 140). “O que significa uma economia social cuja função é a administração social do lar? Em primeiro lugar, implica ou sugere uma analogia entre a sociedade e o indivíduo que governa a sua casa ou a da sua família. Adam Smith e James Mill desenvolveram explicitamente essa analogia. Após a crítica de J. S. Mill, e com o amplo reconhecimento da diferença entre a economia política prática e a teórica, passou-se a dar menos destaque a essa analogia” (p. 143). O fato de a analogia não ser mais empregada pode dever-se também a um desdobramento no qual a sociedade devorou a unidade familiar até tornar-se uma perfeita substituta para ela. [Arendt, 5, Nota]