Vimos que a Lógica quer estabelecer as condições a que as operações intelectuais devem satisfazer para serem corretas. Ora, estas condições podem ser grupadas em duas grandes categorias. Existem, de início, as condições que asseguram o acordo do pensamento consigo mesmo, abstração feita de todo dado particular, de tal sorte que elas sejam válidas universalmente. Existem a seguir as condições que decorrem das relações do pensamento com os objetos diversos a que se pode aplicar. Donde as grandes divisões da Lógica:
1. A lógica formal ou menor. — É a parte da Lógica que estabelece a forma correta das operações intelectuais, ou melhor, que assegura o acordo do pensamento consigo mesmo, de tal maneira que os princípios que descobre e as regras que formula se aplicam a todos os objetos do pensamento, quaisquer que sejam.
Ora, como as operações do espírito são em número de três, a saber: a apreensão, o juízo e o raciocínio, a lógica formal compreende normalmente três partes, que tratam da apreensão e da ideia, — do juízo e da proposição, — do raciocínio e da argumentação.
2. A lógica material ou maior. — É a parte da Lógica que determina as leis particulares e as regras especiais que decorrem da natureza dos objetos a conhecer. Ela define os métodos das matemáticas, da física, da química, das ciências naturais, das ciências morais etc, que são outras tantas lógicas especiais.
À Lógica maior, podemos ligar o estudo das condições da certeza, assim como dos sofismas pelos quais o falso se apresenta sob a aparência do verdadeiro. Estas questões não se confundem absolutamente com aquelas de que trata a crítica do conhecimento. Não se cuida, efetivamente, em lógica, senão de definir, de um ponto-de-vista formal, o que são de direito a verdade e o erro e quais são as condições de direito da certeza, enquanto que a crítica do conhecimento tem por objeto resolver a questão de saber se de fato nossas faculdades de conhecer são capazes de atingir a verdade. [Jolivet]