divertimento

(in. Diversion; fr. Divertissement; al. Abwendung; it. Divertimento).

Qualquer atividade que afaste o homem das ocupações ou preocupações habituais. Pascal entendeu o divertimento como o meio de que o homem dispõe para escapar à consciência de sua própria miséria, e portanto também incluiu no divertimento os trabalhos e as ocupações habituais. “Como não puderam curar a morte, a miséria, a ignorância, os homens julgaram que, para serem felizes, melhor seria não pensar nelas” (Pensées, 168, 131, 139, etc). Segundo Pascal, a busca de ocupações tanto mais agradáveis quanto mais absorventes, de espetáculos, de entretenimentos, etc, é consequência dessa atitude, que significa fraqueza e infelicidade porque torna o homem dependente e passível de ser perturbado por mil acidentes (Ibid., 170). Opondo-se a Pascal, Voltaire observava: “Nossa condição é precisamente pensar nos objetos externos com os quais temos relações necessárias. É falso achar que se pode levar um homem a deixar de pensar na condição humana, porque, seja qual for a coisa a que ele aplique seu espírito, está-lo-á aplicando a alguma coisa que se vincula a tal condição. Pensar em si, fazendo abstração das coisas naturais, é pensar em nada: digo, atente-se bem, absolutamente nada” (Annotations sur les pensées de Pascal, § 38). Hume, por sua vez, reconhecia como justas essas considerações porque “o espírito não pode proporcionar sozinho seu próprio divertimento e naturalmente procura fora de si objetos que lhe possam dar sensação vivida e ponham suas capacidades em ação” (Treatise, II, 1,4). Ponto de vista aceito também pela psicologia moderna. [Abbagnano]