O filósofo estoico Sêneca, conselheiro de Nero, tinha um amigo que certa vez lhe pediu uma cópia de uma determinada coleção de sentenças. Em carta, Sêneca respondeu que atenderia o pedido, mas perguntou porque seu amigo as queria. O filósofo então aconselhou seu amigo sobre a seleção e o uso de sentenças, afirmando que é preciso ser extremamente cuidadoso, porque nem toda coleção valia a pena ter. Escolha com sabedoria e consciência, disse ele, porque a conversatio (o “uso frequente”, o “contato íntimo”) com as sentenças de um filósofo tem o efeito de reproduzir o caráter do autor sobre o leitor. Ele não sabia como isso acontecia, conforme reconheceu, mas estava certo de que era verdade. Portanto, é melhor termos cuidado, mantendo-nos conscientes de que as sentenças que acharmos interessantes terão seu efeito.
A conversatio era o termo que Sêneca usava para descrever o modo como pessoas letradas na antiguidade tardia liam e tratavam os textos em circulação.