Diante da transfiguração do humano em divino, no mito de Alexandre o Magno, Cleópatra opõe uma conduta inversa que vai degradar o caráter divino da realeza faraônica até o mais baixo nível humano. Casada sucessivamente com seus dois irmãos, Ptolomeu XIV e Ptolomeu XV, por um incesto ritual de uso na realeza egípcia, decide depois de Far-salo conquistar o César romano. Consegue penetrar depois dele em Alexandria, escondida num cesto de roupa. Quando César volta triunfante a Roma, para ali atrai a rainha do Egito, a quem consagra uma estátua no templo de Vênus.
Depois do assassinato de César ela decide seduzir Antônio, encarregado dos negócios do Oriente. Segue adiante dele numa galera, deitada numa tenda em tecido de ouro, cercada de mulheres despidas em ninfas e de seus pajens de amor. Antônio, deslumbrado, esquece Roma, e leva com ela durante meses a famosa “vida inimitável”, de um fausto requintado e orgíaco, que desde então jamais foi igualada. Depois da derrota de Antônio, ela o trai entregando a Alexandria a Otávio (o futuro Augusto). Mas este escapa e, depois do suicídio de Antônio, ela faz trazer uma cesta de figos onde se acha escondida uma áspide. É descoberta morta em suas vestes reais. (Benoist)