Este termo tomou uma dignidade filosófica graças a Claude Lévi-Strauss (O pensamento selvagem,I). Sem dúvida, só um filósofo-etnólogo podia ousar uma tal proposta: qual filósofo «puro» teria admitido que pensar pode também significar fazer bricolagem? É no quadro de uma reflexão sobre o pensamento selvagem, primeiro e não «primitivo» que se pode caracterizar como uma ciência do concreto, que Lévi-Strauss estabelece sua teoria da bricolagem. A ciência do concreto organiza o mundo sensível por meio de termos que são eles mesmos sensíveis. Esta ciência, ligada às sociedades «arcaicas» teria sido ocultada pelo advento do pensamento «racional» cuja emergência se situa na aurora do pensamento grego quando a filosofia administra o espaço que ocupará o pensamento científico. A ciência do concreto foi especulativa e permanece em nossas civilizações sob a forma «técnica» da bricolagem. Fazer bricolagem, é tomar um desvio, é conservar toda pequena coisa em virtude deste princípio empírico, prudente, próximo da astúcia: «isso pode sempre servir». [NP]