bom senso

(in. Good sense; fr. Bon sens; it. Buon senso).

Essa expressão, que não deve ser confundida com senso comum, foi usada por Descartes como sinônimo de razão, na frase que abre o Discurso do método. “A faculdade de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso, propriamente chamada de bom senso ou razão, é, por natureza, igual em todos os homens”. Hoje, não se poderia mais admitir essa sinonímia. Por um lado, a razão passou cada vez mais a designar técnicas específicas (v. razão) e, por outro, o bom senso continuou designando certo desequilíbrio e certa moderação no juízo dos problemas comuns da vida e no comportamento cotidiano. Muitas vezes, porém, o que parece extravagante ou paradoxal para o bom senso tem mais valor do que aquilo que se lhe conforma, porque o bom senso tem como referência apenas o sistema estabelecido de crenças e de opiniões, só podendo julgar a partir dos valores que esse sistema inclui. É muito frequente que a ciência e a filosofia prescindam do bom senso, ainda que nunca ou quase nunca possam deixar de lado as pequenas ações cotidianas, entre as quais o bom senso estaria em seu elemento. [Abbagnano]

a) É o senso comum em bem julgar nas questões concretas, que se atribuem a todos com maior ou menor intensidade.

b) Empregado, também, para designar as pessoas em seu estado normal. Daí dizer-se, quando alguém é tomado pela paixão ou pela cólera, que perdeu o bomsenso.

c) Também se emprega para aqueles que falham em seus julgamentos. Diz-se, então, que tem ou não tem bomsenso.

d) Descartes chama, assim, a faculdade de saber julgar bem e distinguir a verdade do erro e cita, expressamente, como sinônimo, a «razão», dizendo que essa faculdade, naturalmente, é igual em todos os homens. Mas, essas duas palavras têm atualmente sentidos diferentes. «Bom senso; agora não significa mais a faculdade natural, que é igual em todos, mas uma disposição de ânimo especial que ajuda para julgar bem» (uma equanimidade, etc), de índole puramente subjetiva, ao passo que a «razão:», para nós, é a faculdade racional do caráter objetivo e universal.

Em vista disso, «bom senso» se opõe: 1) à loucura ou estados análogos (cólera, ebriedade, etc.) e 2) à falta de critério como estado permanente, como em um espírito leviano ou pervertido. [MFSDIC]