Bauch

Bruno Bauch

Bauch, que procede da escola de Baden, afasta-se dela em mais de um ponto. Se os filósofos de Marburgo tomam como ponto de partida a primeira Crítica de Kant, e os de Baden a segunda, Bauch considera a terceira Crítica, a Crítica do Juízo, a obra capital de Kant, que encerra o sentido autêntico de sua filosofia. Sua posição de princípio é radicalmente transcendental. Não fala sequer de uma síntese a priori, mas da lei da síntese. Deste modo chega a um objetivismo mais categórico do que os restantes idealistas neokantianos. Por esta forma, ele vai ao ponto de distinguir entre a validade dos juízos e a das relações objetivas (Gultigkeit e Geltung). Esta última fundamenta a primeira. O sujeito transcendental já não é concebido, à maneira de Rickert, como resíduo irredutível da consciência, mas simplesmente como sistema ou suma das condições dos objetos; é um sujeito objetivo que, em derradeira instância, nada tem de comum com um sujeito em si a não ser o nome. O título da obra principal de Bauch: Wahrheit, Wert und Wirklichkeit (1923) (Verdade, Valor e Realidade) exprime muitíssimo bem uma outra tendência característica de sua doutrina, a tendência para considerar os três problemas como três aspectos diferentes de uma só questão, pois concebe a realidade como igual à verdade e, além disso, como idêntica ao valor. Com efeito, a verdade (o valor de verdade) é, no fundo, a acepção pura, isto é, a realidade, ao passo que os demais valores participam nela. Daqui se segue que Bauch reduz tudo a relações transcendentais (à maneira dos marburgenses), mas concebe as relações como conexão de acepção, num sentido muito próximo do da escola de Baden.

Partindo de seu objetivismo idealista, Bauch desenvolveu uma doutrina da dialética, que em certos aspectos relembra a de Hegel. Seus “conceitos”, isto é, as leis de formação do objeto, não são rígidos, mas algo que se encontra em eterno movimento. Não só o mundo material, como também as leis essenciais de nosso mundo estão em contínua evolução. Em sua totalidade, recebem o nome de ideia. Mas esta não é só, como em Kant, um conceito regulador, senão uma unidade objetiva da totalidade infinita das formas lógicas. [Bochenski]