Sinônimo de acaso (o casual, o de que não se capta a causa). Concepção mais precisa e restrita do azar é a de um acontecimento sem finalidade, mas com a aparência de uma finalidade. Assim, uma telha, que cai, justamente na cabeça de quem passa, ou o advogado que, ao dirigir-se para o tribunal, encontra um dos seus devedores (Aristóteles). É o que chamamos também “acidental”, mas com a restrição de que deve simular alguma finalidade, para ser «azar». Azar, em um sentido mais largo, está ligado à representação da ausência de cada razão determinante. É o que é imprevisível e incalculável. É óbvio que cada acontecimento tem a sua razão suficiente e essa definição, portanto, não dispensa a lei da causalidade e da necessidade mecânica, mas se prende ao fato de que há causas tão diminutas ou tão complexas que, para nós, torna-se impossível percebê-las ou calculá-las. Acontecimentos dessa espécie tomam, para nós, o aspecto de contingentes, p. ex., o aparecimento de um cometa, dentro do nosso sistema planetário, parece-nos um acontecimento submetido ao azar. Em realidade, naturalmente, o cometa obedece às leis da gravitação e só a elas, tão perfeitamente como os planetas, cujas órbitas e movimentos conhecemos, e que, por isso, não nos parecem determinados pelo acaso. A diferença consiste, no caso do cometa, em desconhecermos as massas cósmicas que agem sobre ele, e que, portanto, não percebemos as causas dos seus movimentos. Estas análises aplicam-se analogamente, também, aos jogos de azar.
Em resumo, podemos dizer que falamos em azar ou acaso, quando não percebemos uma causalidade existente, e quando imaginamos uma teleologia não existente, quando é para nós casual, sem causalidade expressa. [MFSDIC]