Ou automatização, criação de autômatos. — A técnica moderna evolui no sentido da automação, substituindo a direção humana, na condução de máquinas, por mecanismos de auto-regulação. A automação coloca: 1.° um problema técnico: poderá a máquina substituir integralmente o homem (máquina de calcular, cibernética, e toda a eletrônica aplicada); 2.° um problema social: como reclassificar, por exemplo, cinquenta operários que foram substituídos por uma máquina eletrônica assistida apenas por um engenheiro?; 3.° um problema psicológico: o da adaptação ao meio industrial (Friedmann); 4.° um problema pedagógico: o da orientação profissional. (V. divisão do trabalho, lazer, maquinismo.) [Larousse]
As técnicas de automação passam a ser necessárias quando surge o conceito de erro . Este conceito, por sua vez, surge quando uma teoria qualquer, relativa a um dado fenômeno, é vista apenas como um modelo (ou seja, uma entidade que não esgota todas as possibilidades) do fenômeno. As “brechas” entre o modelo e a realidade experimentada possibilitam a noção de erro.
Suponhamos que a caixa d’água de uma casa, no último andar, seja enchida com a ajuda de uma bomba no primeiro andar. Se houver uma certa continuidade no consumo da água, o sis tema pode funcionar sozinho desde que a bomba reponha uma quantidade de água equivalente à água consumida na caixa. Este “pode funcionar sozinho” significa ser desnecessário um operador supervisionando ou controlando o funcionamento da bomba. Mas suponha-se que, em dada oportunidade, a água deixe de ser gasta. A bomba trabalhando continuamente terminará por fazer arrebentar a caixa d’água. Qual a maneira de se evitar, de se corrigir este problema? Desligando-se a bomba. De que modo poderemos fazer isso com certa facilidade, sem se exigir um operador constantemente junto à bomba?
Vejamos. O modelo do sistema em causa prevê a continuidade do gasto da água. Dentro deste modelo a bomba é construída e dimensionada. Mas o modelo nem sempre corresponde à realidade. O sistema será automatizado se fizermos com que a bomba seja desligada toda vez que a água dentro da caixa ultrapassar um certo nível. Este nível de referência será a medida física do erro que o modelo deixa passar em confronto com a realidade, (v. modelo, erro, feedback e feedforward, retroalimentação). (Francisco Doria – DCC)
O advento da automação, dentro de algumas décadas provavelmente esvaziará as fábricas e libertará a humanidade do seu fardo mais antigo e mais natural, o fardo do trabalho e da sujeição à necessidade. Mais uma vez, trata-se de um aspecto fundamental da condição humana; mas a rebelião contra esse aspecto, o desejo de libertação das «fadigas e penas» do trabalho é tão antigo quanto a história de que se tem registro. Por si, a isenção do trabalho não é novidade: já foi um dos mais arraigados privilégios de uma minoria. Neste segundo caso, parece que o progresso científico e as conquistas da técnica serviram apenas para a realização de algo com que todas as eras anteriores sonharam e nenhuma pôde realizar. [ArendtCH]