associacionismo

(in. Associationism; fr. Associationnisme; al. Associazionstheorie; it. Associazionismó).

Doutrina filosófica e psicológica cujo princípio explicativo da vida espiritual é a associação de ideias. O pressuposto do associacionismo é o atomismo psicológico, isto é, a resolução de cada evento psíquico em elementos simples que são as sensações, as impressões, ou, genericamente, as ideias. O fundador do associacionismo é Hume, mas um de seus maiores divulgadores foi o médico inglês David Hartley (1705-57), segundo quem a associação de ideias é, para o homem, o que a gravitação é para os planetas: a força que determina a organização e o desenvolvimento do todo. O associacionismo encontrou outras manifestações importantes na obra de J. Mill (1773-1836), que o utilizou na análise dos problemas morais, explicando pela associação entre o prazer próprio e o alheio a transição da conduta egoísta à conduta altruísta, e de Stuart Mill (1806-73), que o utilizou no estudo de problemas morais e lógicos. Mas, depois de Stuart Mill, o associacionismo deixou de ser uma doutrina filosófica viva e permaneceu tão-somente como hipótese operacional no domínio da psicologia científica, de onde foi excluída só nos últimos decênios por obra da psicologia da forma (v. psicologia). [Abbagnano]

O uso do conceito de associação , é muito antigo. Claros precedentes do mesmo encontram-se em Aristóteles quando, no seu tratado SOBRE A MEMÓRIA E A REMINISCÊNCIA, apresentou um princípio de associação nas duas formas principais de associação por semelhança e por contiguidade. Os comentaristas de Aristóteles e muitos escolásticos medievais aceitaram e desenvolveram esta tese. Hobbes, Locke e Berkeley esclareceram aspectos do conceito de associação , mas já é tradicional admitir que só com Hume e seus seguidores o conceito psicológico de associação alcançou uma maturidade suficiente, e, além disso, permitiu construir à base dele uma teoria de conteúdo primeiramente psicológico, mas de intenção filosófica: o associacionismo.

Na sua INVESTIGAÇÃO (III), por exemplo, Hume mostra que “é evidente que há um princípio de conexão entre os diferentes pensamentos ou ideias da mente, e que no seu aparecimento na memória ou imaginação se introduzem uns aos outros com certo método e regularidade”. DE fato, não há um mas vários princípios de conexão, três dos quais são predominantes; a semelhança, a contiguidade (no tempo ou espaço) e a causa e efeito. Ora, embora a base da teoria de Hume fosse psicológica, o seu interesse era predominantemente epistemológico. O desvio para o psicológico e a tentativa de fundamentar o associacionismo na psicologia é, em contrapartida, posterior. Os tipos de conexão estabelecidos por Hume transformaram-se nas leis clássicas do associacionismo psicológico (contiguidade, semelhança e contraste), que se ampliaram com outras leis complementares (frequência, simultaneidade, intensidade, etc). Deve distinguir-se entre o associacionismo psicológico, que pretende limitar-se a uma descrição das conexões entre processos mentais, e o associacionismo filosófico, que está relacionado com o atomismo e se contrapôs, muitas vezes, ao estruturalismo. associação doutrina associacionista recebeu diversas críticas. O principal argumento lançado contra ela foi a advertência de que, nos processos psíquicos, há uma direcção, levada a cabo pelo pensamento ou regida por outras “tendências determinantes”. Os psicólogos estruturalistas, por seu lado, aduziram experiências com que se provou que os hábitos não produzem ação, que o comportamento tem um propósito ou que há reações a relações, o que não tem em conta nem pode explicar o associacionismo. Isso não quer dizer que ele tenha sido abandonado inteiramente em psicologia. Por um lado, adoptaram-se muitas conclusões do associacionismo, mesmo quando se refinou esta doutrina mediante experiências e críticas analíticas. Por outro lado, o próprio estruturalismo não nega totalmente o processo associativo, mas rejeita os fundamentos atomistas atribuídos ao mesmo e especialmente a tendência manifestada pelos associacionistas clássicos de basear as suas explicações em puras combinações mecânicas sem fazer intervir tendências ou propósitos. [Ferrater]