A ligação automática de ideias. — Já se distinguiu a associação por contiguidade (o inverno evocando o frio), por semelhança (um tapete verde evocando uma campina), por contraste (o branco evocando o preto). Foi Stuart Mill quem fez a teoria da associação das ideias. O associacionismo é a teoria que faz derivar as leis fundamentais do espírito a partir de associações muitas vezes repetidas pela experiência. É o que se chama uma teoria “empirista” do conhecimento. Bergson criticou o associacionismo que, segundo ele, não reconhecia a intuição que o espírito tem de si mesmo em todas as formas de criação (artística, moral etc), e que não são uma cópia do que existe na experiência. — Em psicologia, a análise da associação das ideias num dado indivíduo (particularmente tais como elas se produzem livremente durante o sonho) revela certas tendências psicológicas inconscientes, que constituem o fundo de nossa personalidade que a psicanálise se propõe justamente a iluminar: o indivíduo se encontraria assim libertado de certas evocações automáticas que o perseguem, que perturbam suas relações com os outros homens e constituem os chamados “complexos”. [Larousse]
(in. Association of ideas; fr. Association des idées; al. Ideenassoziation; it. Associazione delle idea).
Com essa expressão, indica-se a conexão recíproca dos elementos da consciência, conexão pela qual tais elementos, quaisquer que sejam, evocam-se uns aos outros, segundo uniformidades ou leis reconhecíveis. A semelhança, a continuidade e o contraste constituem as uniformidades ou leis fundamentais da associação, que já haviam sido reconhecidas por Platão (Fed., 76 a) e por Aristóteles (De memória et reminiscentia, II, 451 b 18-20). Em seguida, o fenômeno não atraiu mais a atenção dos filósofos até a Idade Moderna. Hobbes, em Leviathan, dedica um capítulo (o III) à associação das imagens, mas foi Locke quem criou a expressão “associação de ideias” e introduziu o fenômeno a ela relativo como princípio de explicação da vida da consciência. A importância que a associação adquire em Locke deriva do pressuposto atomístico da sua filosofia: tudo o que a consciência é, nas suas várias manifestações, é pela combinação variada dos elementos simples fornecidos pela experiência, isto é, das ideias. “Algumas das nossas ideias têm entre si correspondência e conexão natural, e a tarefa e a excelência da nossa razão estão em rastreá-las e mantê-las juntas na união e na correspondência que se fundam em serem elas naturais. Mas, afora isso, há outra associação de ideias que se deve ao acaso e ao hábito” (Ensaio, II, 33, § 5). A tais combinações acidentais ou habituais de ideias devem-se alguns fenômenos aberrantes, como a loucura, as simpatias ou antipatias irracionais, as superstições, etc. Mas nas associações naturais baseiam-se todas as operações do espírito humano: o conhecimento nos seus vários graus, a imaginação, a vontade, etc. Para Locke, todavia, a associação de ideias assume formas diferentíssimas. Hume reduziu-as a três princípios apenas: a semelhança, a contiguidade no tempo e no espaço e causa e efeito (Inq. Conc. Underst, III). Abandonado em filosofia, depois de Kant, como princípio explicativo de toda a vida espiritual, a associação permaneceu o princípio explicativo da psicologia científica desde a metade do séc. XIX até os princípios deste século. No período contemporâneo a psicologia da forma ou ges-taltismo impugnou o próprio pressuposto atomista em que se fundava a teoria da associação. [Abbagnano]