asno de Buridan

VIDE asno de Buridano

(in. Buridan’s Ass; fr. Âne de Buridan; al. Esel des Buridan; it. Asino di Buridanó).

Jean Buridan, mestre e reitor da Universidade de Paris na primeira metade do séc. XIV, foi discípulo de Ockham e é importante por algumas observações que antecipam o princípio de inércia da mecânica moderna (v. Impulso). O caso do asno, que, posto entre dois feixes iguais de feno, morreria de fome antes de resolver qual dos dois comeria, não se encontra em suas obras. Encontram-se nela, porém, suas premissas. Buridan julga que a vontade segue, necessariamente, o juízo do intelecto; p. ex., a decisão é pelo bem maior, se o intelecto assim julgar. Mas quando o intelecto julga que dois bens são iguais, a vontade não pode decidir-se nem por um nem pelo outro: a escolha não acontece (In Eth., III, q. 1). Esse é o caso do asno. Mas Buridan julga que o homem pode não morrer de fome como o asno, já que pode suspender ou impedir o juízo do intelecto (ibid., III, q. D). A origem do caso (embora não referido ao asno) acha-se em Aristóteles: “Diz-se que quem está muito sedento ou esfaimado, se se acha a igual distância do alimento e da bebida, necessariamente fica imóvel onde se acha” (De cael, II, 13, 295 b 33). Nem mesmo Dante refere o caso ao asno: “Que entre dois alimentos, distantes e móveis — de modo que antes se morria de fome — o homem livre levasse um deles à boca” (Par., IV, 1-3). Na realidade, a discussão em torno do caso do asno de Buridan foi peculiar a um período (a última escolástica) no qual se acentuou o caráter arbitrário da escolha voluntária e entendeu-se a liberdade do homem como “arbitrário de indiferença” (v. liberdade). [Abbagnano]


Argumento sofistico, usado para rebater a doutrina determinista, em defesa da liberdade de indiferença (Vide indiferença). Foi atribuído ao filósofo Jean Buridan, e é o seguinte: suponhamos que um asno, igualmente pressionado pela fome e pela sede, colocado à igual distância, de uma tina de água e de um monte de feno, começará o animal por beber, ou por comer, ou pela pressão das necessidades permanecerá indeciso, e morrerá de fome e de sede? [MFSDIC]