análise e síntese

Em geral, podemos chamar método à arte de dispor bem uma sucessão de vários pensamentos, quer para descobrir a verdade quando a ignoramos, quer para demonstrá-la aos outros quando já a conhecemos.

Assim, há duas espécies de métodos [o que aqui dizem os autores da Lógica de Port-Royal só é verdadeiro para o método nas ciências de raciocínio puro. O das ciências de experiência ou de erudição é diferente. (N. de Lalande)]: um, para descobrir a verdade, que se chama análise, ou método de invenção; e o outro, para torná-la clara aos outros quando foi encontrada, a que se chama síntese, ou método de composição, e que também se pode chamar método de doutrina.

Estes dois métodos diferem apenas como o caminho que percorremos ao subir dum vale para a montanha daquele que percorremos ao descer da montanha para o vale; ou como diferem os dois processos de que nos podemos servir para provar que um indivíduo descende de S. Luís, consistindo o primeiro em provar que este indivíduo tem fulano por pai, que era filho de um outro, até S. Luís, e o segundo, em principiar por S. Luís e mostrar que teve tantos filhos e estes outros tantos filhos, chegando até à pessoa de quem se trata. E este exemplo é tanto mais adequado a esta emergência quanto é certo que, para encontrar uma genealogia desconhecida, é necessário remontar do filho ao pai, ao passo que, para explicá-la, o processo mais comum é principiar pelo tronco para dele fazer derivar os descendentes; e isto é o que, em geral [apenas em geral: muitas vezes podemos demonstrar por uma análise; e às vezes podemos descobrir por via de síntese; por exemplo, se simplesmente procurarmos quais são as consequências de uma dada proposição ou o estado do tempo t1 dum sistema mecânico determinado de que conhecemos todos os elementos num momento anterior t. (N. de Lalande)] se pratica nas ciências, nas quais, depois de nos termos servido da análise para encontrar qualquer verdade, nos servimos do outro método para explicar aquilo que foi encontrado.

Arnauld e Nicole, La logique ou l’art de penser, in Lalande, Letures sur la Philosophie des Sciences.