aei

άεί: always, forever; sempre, para sempre [GA19]


sempre, sucessivamente [MSGA41IC]


aeí, eternamente. Empregado frequentemente como adjetivo.

Esses termos representam duração ilimitada à frente e atrás: o ser eterno não tem começo e nunca terminará.

O substantivo aión (ho) / aion (ho), do qual derivou o adjetivo aiónios, tem um sentido indeciso: na maioria das vezes, duração (de uma vida, de um século), mas também eternidade. E nesse sentido que se encontra em Heráclito: lógos aión / logos aion: Logoseternidade (fr. 50).

Pitágoras fala do Deus eterno: aídios theós /aidios theos (Aécio, IV, VII, 5; Pseudo-Plutarco, Epítome, IV, 7). Mas seu discípulo Filolau prefere recorrer a aeí: Deus é eternamente subsistente (Fílon de Alexandria, Criação do mundo, 23); o mundo move-se eternamente em círculo (Estobeu, Ed., XX, 2). Diógenes de Apolônia considera o ar como um corpo eterno (aídion soma / aidion soma) (fr. 7, 8). Heráclito utiliza uma fórmula original e pleonástica: o universo (kósmos / kosmos) era, é e será sempre (aeí) um fogo “eternamente vivo”, numa única palavra: aeízoon / aeizoon (fr. 30). Para Anaxágoras, “o Espírito (noûs / noûs) existe eternamente”, aeí esti / aei esti; pode-se traduzir também: “é eterno”. Melisso recorre a duas fórmulas: o Uno é eterno: aídion /aidion (Simplício, Fís., III, 18); mas também existe eternamente: aeí esti (íbíd.). Platão emprega, por um lado, aídios, quando invoca a Substância eterna (aídios ousía / aidios ousia) ou os deuses eternos (aídioi theoí / aisioi theoi) (Tímeu, 37e, c); por outro lado, aiónios / aionios, quando define o tempo (khrónos / chronos) como imagem móvel da eternidade (aión / aion): o modelo do mundo sensível é então eterno (aiónios), mas também um Vivente eterno (zoon aídion / zoon aidion) (ibid., 37d).

Aristóteles utiliza aídios / aidios, em especial quando trata da eternidade do movimento (Fís., VIII, 1-2), e sobretudo do primeiro Motor: “O primeiro Motor é necessariamente uno e eterno”: anánke einai hén kai aídion tò prôton kinoûn (ibid., VIII, 6). Afirmação semelhante em De caelo (I, 12): o que é sem geração e sem corrupção é eterno. E o ato de Deus é a vida eterna: zoè aídios / zoe aidios (ibid., II, 3).Tem-se mais ou menos a mesma linguagem na Metafísica (A, 7): Deus é um Vivente eterno perfeito: zoon aídion áriston / zoon aidion ariston, uma substância eterna: ousía aídios / ousia aidios.

Plotino escreveu um tratado intitulado Da eternidade e do tempo: Peri aiônos kai khrónou (III, VII), no qual ele faz da eternidade um Ser da mesma natureza que os Inteligíveis. [Gobry]