a) Ação ou efeito de deixar algo sem auxílio, sem apoio, entregue a si mesmo.
b) Em Filosofia, abandona-se o que se deixa entregue a si mesmo sem tentar-se mais especular.
c) Em Sociologia, o deixar-se sem cuidado, sem amparo, sem auxílio, velhos, jovens, etc. Daí falar-se em crianças abandonadas, juventude abandonada, lar abandonado.
CRÍTICA: Abandono é distinto de solidão. O abandonado é o que é deixado. Quem se afasta, física ou psicologicamente dos outros, torna-se um solitário. O abandonado o é por outrem. Quando alguém se entrega a algo, e deixa-se levar pelas contingências, diz-se que se abandona, mas, aqui, há ainda o deixar-se, que, especificamente, estabelece a distinção entre aqueles dois conceitos.
Uma experiência ganha através da realização que não há princípios objetivos ou autoridades para guiar uma vida. De acordo com o existencialismo, esta experiência nos ajuda a reconhecer que não se pode alcançar autenticidade pelo apelo a Deus ou aos sistemas filosóficos. Deveríamos cada um compreender nossa única condição existencial, rejeitar má fé, e assumir total responsabilidade para vida. A concepção de abandono é por conseguinte relacionada ao relato existencialista da autonomia do agente. [BDWP]
Quanto ao desamparo [loneliness/Verlassenheit] moderno como fenômeno de massa, cf. David Riesman, The lonely crowd (1950). [ArendtCH, 8, Nota]