(gr. apophasis; lat. negatio; in. Negation; fr. Negation; al. Verneigung, Negation; it. Negazioné).
Termo com o qual se pode designar tanto o ato de negar quanto o conteúdo negado, ou seja, a proposição negativa, chamada em grego apophasis (lat. negatia Boécio) e definida como “enunciado que divide algo de algo” (De interpr., 17 a 26), porquanto, segundo a mesma doutrina aristotélica, separa ou afasta dois conceitos. Substancialmente, a tradição lógica subsequente conservou essa doutrina e portanto este significado do termo negação; foram só os seguidores da teoria do juízo como assentimento (Rosmini, Fr. Brentano, Husserl) que consideraram a negação como ato de contestação (recusa, repúdio, Verneigung) de uma representação ou ideia. Na Lógica simbólica contemporânea a negação é representada por um símbolo especial (“~”) que, anteposto ao símbolo de uma proposição “p”, transforma-a na afirmação de que “p’ é falsa (Russell) ou numa nova proposição (molecular), função de verdade de “p”, mais precisamente (na Lógica com dois valores) na proposição que é falsa quando “p” é verdadeira e verdadeira quando “p” é falsa (Wittgenstein, Carnap). [Abbagnano]
A negação tem seu lugar no juízo. Geralmente nega a existência de um objeto, ou seja, exprime o seu não–ser; p. ex., hoje não chove. Tal negação é verdadeira, quando, de fato, o objeto correspondente não existe. Contudo, não raro, se exprime também, por meio de negação, um estado positivo, p. ex., aquele homem não está cego. Esta segunda espécie de negação assume, em metafísica, importância decisiva, uma vez que o espírito finito só pode avançar para o Infinito em virtude da negação. Por outras palavras, dado que a infinidade não lhe é acessível imediatamente, o espírito finito forma o conceito dela, afirmando o conteúdo positivo de uma perfeição (pura) divina, mas negando, ao mesmo tempo, todo limite. Assim, p. ex., atribui se a Deus a vida e em plenitude infinita (ilimitada), negando toda limitação dela. No fundo, temos aqui uma negação de negação, porque o limite não diz mais do que negação de perfeição ulterior possível além dele. Tal juízo é verdadeiro, porque Deus é realmente infinito. Por esta forma alcançamos algo do núcleo legítimo contido no “poder do negativo” (“Macht des Negativen”) que, em Hegel, desempenha importante papel. — O modo de conhecimento, descrito nas linhas precedentes, chama-se, em linguagem técnica, “via de negação”; por ela discorre, com demasiado exclusivismo a que, consequentemente, se denomina teologia negativa, para a qual propende com frequência a mística, incluindo Mestre Eckhart. — Lötz. [Brugger]