1. Para Anaxímenes o apeiron de Anaximandro e a arche de todas as coisas era o ar (Aristóteles, Metafísica 984a; Simplício, In Physica 24, 26), provavelmente em virtude da sua ligação com a respiração e a vida (cf. pneuma). Tal como a maior parte das archai pré-socráticas, era considerado divino (theion), (Cícero, De nat. deor. I, 10, 26). O divulgador mais tardio do aer foi Diógenes de Apolónia que fez dele a substância tanto da alma (psyche) como do espírito (noûs), frgs. 4, 5, afinidade parodiada por Aristófanes, Nuvens, 227 ss.; o que é surpreendente na concepção de Diógenes é evidentemente a associação de uma actividade que visa um fim com o seu aer–noûs (ver telos).
2. A conexão aer–pneuma–psyche–zoe–theion tornou-se uma constante. A natureza da alma, enquanto semelhante ao ar, é evocada no Fédon 69e-70a; Cebes receia-a, mas sob outro ponto de vista ela sugeria uma espécie de imortalidade impessoal; o corpo podia perecer, mas a psyche seria reabsorvida na parte mais pura do aer, i.e., aither (q. v.) ainda não reconhecido como um quinto elemento (ver Eurípides, Helena 1014-1016; Suplicantes 533-534). Uma vez que os corpos celestes (ouranioi) habitam no aither, havia ainda a possibilidade de a alma ser absorvida pelas estrelas (ver Aristófanes, Paz 832). Esta crença foi incorporada no pitagorismo posterior, mas com a restrição de aither pertencer ao mundo supralunar; o aer, entre a lua e a terra, foi preenchido com daimones e heróis, D. L., VIII, 32; compare-se Fílon, De gigant. 2 e 3, onde os daimones são agora anjos, e a consequente identificação em De somn. I, 134-135 do aer e a Escada de Jacob (Gênesis 28, 12-13); ver kenon. [FEPeters]