VIDE gnosiologia
Teoria do conhecimento, de suas origens e formas. — A Crítica da razão pura de Kant é, em sua Analítica, uma gnoseologia: analisa os diferentes conceitos básicos que se encontram em todo o conhecimento do mundo. A epistemologia ou teoria dos métodos fundamentais empregados nas ciências, engloba quase todo o campo da gnoseologia. Entretanto, existe uma teoria do conhecimento estético ou afetivo (Max Scheler, Cassirer, M. Dufrenne) que ultrapassa os quadros da gnoseologia clássica. Opõe-se a gnoseologia à “ontologia”, que é a teoria do ser, objeto do conhecimento. Compreende-se então que a gnoseologia é uma teoria do sujeito cognoscente e um idealismo. (V. epistemologia.) [Larousse]
A ciência, que ora nos interessa, é a gnoseologia ou teoria do conhecimento, pois é um saber teórico do conhecimento, ponto de partida para o estudo da metafísica, em seus diversos aspectos.
Historicamente, nem na Antiguidade grega nem na chamada Idade Média, nem em nossa cultura, há propriamente uma disciplina autônoma que se possa considerar como sendo a Gnoseologia, embora os temas gnoseológicos estivessem presentes desde os gregos, sobretudo no período crítico dos sofistas, e em todos os momentos dramáticos da filosofia. Na filosofia hindu, encontramos, em correspondência com a nossa, alguns exemplos de aguda e profunda análise dos temas gnoseológicos, como através da crítica dos budistas e dos jainistas, infelizmente tão desconhecida dos estudiosos da filosofia, no Ocidente.
Em nossa cultura, é Locke considerado, historicamente, o fundador dessa disciplina com sua obra “An Essay concerning human understanding”, em 1690, onde pôs em discussão o problema do conhecimento. Leibnitz, posteriormente, procurou refutar as ideias de Locke em seu “Nouveaux essais sur l’entendement humain”.
Berkeley, em “A treatise concerning the principles of human knowledge” e David Hume, em ” A treatise on human nature” e “Inquiring concerning human understanding”, trataram dos temas que se referiam ao conhecimento humano.
Muitos consideram que é propriamente com Kant, em sua “Crítica da Razão Pura”, que a Gnoseologia se estructurou numa disciplina autônoma, e que os estudos posteriores de Schelling, Fichte, Schopenhauer, Hegel, Edward von Hartmann, precipitaram a sua formação. Os escolásticos estudam os temas gnoseológicos na “Lógica Maior”, onde se procedeu a crítica das diversas posições em face do conhecimento.
Desde então os temas gnoseológicos, com o desenvolvimento da psicologia e da dialética, avultaram de tal modo, que hoje é uma disciplina imprescindível ao estudo da filosofia, e muito preferem iniciar o estudo desta pela Gnoseologia.
Podemos, agora, em face da notícia histórica sucinta que tivemos ocasião de fazer, precisar o conceito de Gnoseologia, considerando-a como a disciplina que filosoficamente estuda, sob todos aspectos possíveis, o conhecimento humano. [MFS]