absolutismo

a) Poder absoluto, ilimitado, do soberano.

b) Sistema de governo, onde o poder está acima de qualquer direção ou fiscalização.

c) Teoria do absolutismo.

d) Termo usado para designar a metafísica, do absoluto, em Bradley. (Vide Sinopse da História da Filosofia).

e) Diz-se, familiarmente, do emprego de um espírito de intransigência nas opiniões.

f) «Absolutismo estético», expressão usada para evidenciar a beleza objetiva e absoluta, não relativa ao observador, tornando-se, daí, padrão absoluto para a crítica. Foi esta acepção primeiramente exposta por Platão. Mantiveram-na, na Filosofia, os intuicionistas, embora combatida pelos que julgam a beleza meramente uma espécie de prazer, e, consequentemente, dependente do indivíduo. Kant assume uma posição intermediária, ao afirmar: a beleza é subjectiva, mas o julgamento «isto é belo» é sempre realizado como se existisse um padrão objetivo. [MFSDIC]


(in. Absolutism; fr. Absolutisme, al. Absolutismus; it. Assolutismó). Termo cunhado na primeira metade do séc. XVIII para indicar toda doutrina que defenda o “poder absoluto” ou a “soberania absoluta” do Estado. No seu sentido político original, esse termo agora designa: 1) o absolutismo utopista de Platão em República; 2) o absolutismo papal afirmado por Gregório VII e por Bonifácio VIII, que reivindica para o Papa, como representante de Deus sobre a Terra, a plenitudo potestatis, isto é, a soberania absoluta sobre todos os homens, inclusive os príncipes, os reis e o imperador; 3) o absolutismo monárquico do séc. XVI, cujo defensor é Hobbes; 4) o absolutismo democrático, teorizado por Rousseau no Contrato social, por Marx e pelos escritores marxistas como “ditadura do proletariado”. Todas essas formas do absolutismo defendem igualmente, embora com motivos ou fundamentos vários, a exigência de que o poder estatal seja exercido sem limitações ou restrições. A exigência oposta, própria do liberalismo (v.), é a que prescreve limites e restrições para o poder estatal.

No uso filosófico corrente, esse termo não se restringe mais a indicar determinada doutrina política, mas estende-se à designação de toda e qualquer pretensão doutrinai ou prática ao absoluto, em qualquer campo que seja considerado. Diz, p. ex., Reichenbach (The Theory of Probability, p. 378): “Devemos renunciar a todos os resíduos do absolutismo para compreender o significado da interpretação, em termos de frequência, de uma asserção de probabilidade em torno de um caso individual. Não há lugar para o absolutismo na teoria das asserções de probabilidade referentes à realidade física. Tais asserções são usadas como regras de conduta, como regras que determinam a conduta mais eficaz em dado estágio do conhecimento. Quem quiser encontrar algo a mais nessas asserções descobrirá no fim que perseguiu uma quimera”. O absolutismo filosófico não é tanto de quem fala do Absoluto ou de quem lhe reconhece a existência, mas de quem afirma que o próprio absoluto apoia suas palavras e lhes dá a garantia incondicional de veracidade. Nesse sentido, o protótipo do absolutismo doutrinal é o Idealismo romântico, segundo o qual, na filosofia, não é o filósofo como homem que se manifesta e fala, mas o próprio Absoluto que chega à sua consciência e se manifesta. (Abbagnano)