Ademais, não devemos silenciar sobre o fenômeno constituído pelo “darwinismo social”, isto é, a tentativa que se fez para, com base na “luta pela existência”, justificar uma sociedade classista ou até a desumana concepção da supremacia de uma raça. Trata-se de extrapolações indevidas e nada científicas, constituindo exemplo de aonde se pode chegar quando uma ideologia torna-se onívora e tenta açambarcar os resultados alcançados em alguma disciplina científica.
Sobre esse ponto escreveu muito bem o economista Aquiles Loria (1857-1943), que, em 1892, afirmou: “Frequentemente nos defrontamos com a afirmação de que a teoria darwiniana é justificadora das desigualdades sociais (…). Eu rejeito com todas as minhas forças essa aplicação irracional do método da analogia, que leva a ilações revoltantes e absurdas”. A convicção de Loria era de que “a luta humana pela existência apresenta características profundamente contraditórias”, o que não foi compreendido por aqueles que “elevam a luta pela existência à lei da evolução social”. Essas considerações de Loria podem ser encontradas em importante livro que contém ensaios de vários autores, intitulado Charles Darwin e o darwinismo nas ciências biológicas e sociais (1892), organizado por E. Morselli.
O debate sobre darwinismo social foi muito sentido na Itália, participando dele também Henrique Ferri, com o seu Darwin, Spencer, Marx (1894) e o próprio Antônio Labriola em Discorrendo sobre socialismo e filosofia (1897). [Reale]