vivência do valor

Toda teoria psicologista e relativista do valor, leva à negação deste último. O valor é um fenômeno da experiência vital, que não comporta explicações fora da Transcendência e da objetividade. A fenomenologia permite estabelecer que a nossa vivência íntima do valor é uma vivência da sua objetividade. Metafisicamente o valor é objetivo: a distinção entre valor e ser, tão vivamente estabelecida na filosofia mais autêntica dos valores, não poderia encontrar explicação fora da identificação do Valor e do Ser no Absoluto; além disso, o valor é objetivo porque o homem que o realiza, realiza a sua própria essência. Culturalmente os valores são objetivos, porque a própria variação da tábua dos valores de uma cultura para outra, não poderia dar-se fora da objetividade do valor: o que varia de cultura a cultura não são os valores, mas a perspectiva particular em que cada cultura se coloca diante deles. O mesmo se pode dizer da lei moral; a universalidade da lei moral não é atingida pelas aplicações variadas e opostas que se dão dela. Cada indivíduo, cada cultura tem uma vivência particular dos valores; esta aparência de pluralismo nasce, não da relatividade dos valores, mas da multiplicidade das captações parciais duma realidade total.

[NOTA: Usamos aqui a palavra objetivo, não no sentido de objeto como construção do espírito, mas no sentido de cousa, como realidade exterior e independente do sujeito. O realismo tradicional não era realismo do objeto, mas da cousa. O objeto das ciências é pura construção do espírito e por isso os termos “objeto” e “objetivo” se prestam a grandes equívocos.] [Barbuy]