(in. Prospect; fr. Perspective; al. Perspektive; it. Prospettivá).
Antecipação do futuro: projeto, esperança, ideal, ilusão, utopia, etc. Esse termo expressa o mesmo conceito designado por possibilidade , mas de um ponto de vista mais genérico e menos compromissado, visto que podem ser perspectivas coisas que não têm consistência suficiente para serem possibilidades autênticas. Na filosofia contemporânea, esse. termo foi empregado especialmente por Ortega y Gasset, Blondel e Mannheim, mas sem clara formulação conceitual. Por perspectivismo (al. Perspektivismus) Nietzsche entendeu a condição em virtude da qual “cada centro de força — e não só o homem — constrói todo o resto do universo partindo de si mesmo, ou seja, atribuindo ao universo dimensões, forma e modelo proporcionais à sua própria força” ( Werke, ed. Kröner, XVI, § 636). Esse termo às vezes foi usado para designar a filosofia de Ortega y Gasset. [Abbagnano]
34. De modo geral, já nos referimos à dramaturgia gnosiológica. Dir-se-ia que, ao falarem, os outros, de «mudanças de perspectiva», nas quais e pelas quais o mundo se nos apresenta com aspectos diferentes, é uma desatenta visão do que realmente acontece, uma interpretação tangencial à curva retorsa do que verdadeiramente acontece, em se tratando de representação de dramas diferentes. Porque «mudanças de perspectiva» afetam o «arranjo das coisas», só pelo lado de fora. Dramas, pelo contrário, chegam a ponto de transmutá-las, de dentro para fora, e como o «fora» e o «dentro» um a outro se conformam, não há maneira de fugir à convicção de que representar outro drama afeta, não apenas o arranjo, em que o mundo permanece o mesmo, mas também a estrutura das coisas, o eidos dos entes intramundanos, e, enfim, de que duas representações dramáticas diferentes dão origem a mundos diferentes, com homens diferentes e deuses diferentes; dão origem a símbolos, cada um, diversa triangulação de homens, mundos e deuses. De símbolos tais se constitui a Trans-Objetividade. E a razão mais próxima de assim enunciarmos a natureza do símbolo é que nele não mais se encontram as coisas separadas do respectivo ser-origem, o deus que está no vértice do triângulo. Outra, mais distante, mas não menos sugestiva, é que esse «ser-origem» das coisas (que só o eram, na Objetividade) aponta, além do último limite-liminar; além do Horizonte Extremo, para o Ser-Origem de todos aqueles «seres-origens» das coisas que se nos deparam como «só coisas», aquém do primeiro limite-liminar, do primeiro horizonte, aquele que circunda toda a «objetividade coisística». [EudoroMito:122]