imaterialismo

(in. Immaterialism; fr. Immatérialisme; al. Immaterialismus; it. Immaterialismo).

Termo criado por Berkeley para indicar a doutrina da negação de existência da realidade corpórea e da redução desta a ideias impressas nos espíritos finitos diretamente por Deus (Dialogues between Hylas and Philonoûs, III; Works, ed. Jessop, II, pp. 259 ss.). Essa doutrina foi denominada e denomina-se mais comumente idealismo (no primeiro sentido). O argumento fundamental adotado por Berkeley em favor do imaterialismo é que as coisas e suas propriedades não são mais que ideias que, para existirem, precisam ser percebidas (esse est percipt), portanto pensar coisas que não sejam percebidas equivale a defini-las como “não pensadas” mesmo enquanto são pensadas. A diferença entre as ideias reais, que são as coisas, e as ideias simplesmente imaginadas, que são comumente chamadas de ideias, consiste, segundo Berkeley, no fato de que as primeiras são produzidas no nosso espírito por Deus e as outras são produzidas por nós mesmos. Portanto, a mais simples percepção de uma coisa na realidade é a percepção de uma ação de Deus sobre nós e implica a existência de Deus, ao que, a admitir-se a matéria, deve-se atribuir a ela a causalidade das próprias ideias e pode-se dispensar Deus. O materialismo é por isso o fundamento do ateísmo e da irreligião, como o imaterialismo é o fundamento da religião (Principles of Human Knowledge, I, 92 ss.). [Abbagnano]