(gr. prote philosophia; lat. prima philosophia; in. First philosophy; fr. Philosophie première, al. Ersten Philosophie; it. Filosofia prima).
Foi esse o nome que por vezes Aristóteles deu à filosofia como ciência do ser (ou teologia), para distingui-la da física (filosofia segunda) e da matemática (Fís., I, 9, 191 a 36; Met., VI, 1, 1026 a 16; etc). Bacon usou esse termo para indicar a “ciência universal”, que seria uma árvore da qual partem, como tantos ramos, as ciências específicas, que tem por objeto os princípios comuns às ciências (De augm. scient., III, 1). Na significação aristotélica, esse vocábulo foi substituído por metafísica . (Abbagnano)
Na Metafísica, IV, 1, Aristóteles empregava estas palavras: “Há uma ciência que estuda o Ser enquanto ser, e seus atributos essenciais. Ela não se confunde com nenhuma das outras ciências chamadas particulares, pois nenhuma delas considera o Ser em geral, enquanto ser, mas, recortando uma certa parte do ser, somente desta parte estudam o atributo essencial; como por exemplo, procedem as ciências matemáticas.
Mas já que procuramos os primeiros princípios e as causas mais elevadas, é evidente que existe necessariamente alguma realidade à qual tais princípios e causas pertencem, em virtude de sua própria natureza. Se, pois, os filósofos, que buscavam os seres, procurassem esses mesmos princípios, resultaria daí necessariamente que os elementos do Ser são elementos deste, não enquanto acidente, mas enquanto ser. Eis por que devemos estudar as causas primeiras do Ser enquanto ser.”
Estas palavras de Aristóteles sobre a filosofia primeira (prote philosophia, a philosophia prima dos escolásticos) são ainda o melhor e mais claro enunciado sobre a ciência em que ora penetramos, a Ontologia ou Metafísica Geral, assim também chamada, porque estuda o ser enquanto ser, isto é, tomando-o na sua maior universalidade.
Essa compreensão da Ontologia, no entanto, foi modificada por filósofos modernos, que se colocaram sob a égide de Kant. Para este, conhecemos os fenômenos, e sabemos da existência do númeno, mas deste não temos nenhuma experiência sensível, isto é, não o intuímos pela intuição sensível, mas apenas mediante uma dialética, que Kant chamou de transcendental.
A Ontologia seria, então, a ciência do númeno. A ela caberia o papel especial de estudar o que permanece atrás dos fenômenos, de explicá-los, enquanto os fenômenos caberiam às ciências particulares. (MFS)