(in. Energy; fr. Energie; al. Energie; it. Energia).
1. Qualquer capacidade ou força capaz de produzir um efeito ou de realizar um trabalho. Nesse sentido energia é sinônimo de atividade e de força; fala-se de “energia espiritual”, “energia material”, “energia nervosa”, “energia física”, etc.
2. Como conceito físico, entende-se por energia a capacidade de realizar um trabalho; por trabalho, entende-se o deslocamento do ponto de aplicação de uma força. Esses conceitos só foram claramente formulados na primeira metade do séc. XIX. No entanto, a distinção entre energia potencial (ou de posição) e energia cinética (ou de movimento) deve-se a Leibniz, que em 1686 a exprimia numa dissertação intitulada Demonstratio erroris memorabilis Cartesii, como a distinção entre força viva e força morta. Leibniz considerava a força viva igual ao produto do “corpo” (massa) pelo quadrado da velocidade: fórmula que depois foi corrigida, passando-se a considerar a força viva igual ao semi-produto da massa pelo quadrado da velocidade.
A segunda guinada conceitual importante na evolução da noção de energia ocorre em meados do séc. XIX, com a descoberta do princípio de conservação da energia (ou primeiro princípio da termodinâmica) por Mayer (1842) e Joule (1843), que estabelece a equivalência entre energia mecânica e calor. Essa equivalência demonstrava que o calor é uma forma de energia, por conseguinte, o conceito de energia extrapolava o domínio mecânico. A generalização foi feita por Helmholtz na sua famosa dissertação Sobre a conservação da força (1847). A ele se deve o uso do termo energia, que antes se confundia com força; considerou também como energia qualquer entidade que possa ser convertida em outra forma e caracterizou a energia como indestrutível, pois comporta-se como qualquer outra substância: não pode ser criada nem destruída. Deste ponto de vista, os cientistas começaram a falar de numerosas formas de energia: magnética, elétrica, química, acústica, etc, e a energia passou a ser a segunda substância da física, já que a primeira é a matéria. Todavia, tanto em ciência quanto em filosofia tentou-se reduzir também a matéria à energia constituindo-se o energismo.
A terceira guinada conceitual importante dessa noção ocorreu com a teoria da relatividade e com a mecânica quântica. Com a redução da matéria à densidade de campo, o dualismo entre as duas substâncias tradicionais da física clássica perdeu sentido. Por um lado, portanto, parece que a ciência acolheu o princípio do energismo, pois a matéria deixou de ser uma substância em si mesma, mas, por outro lado, pode-se dizer que o próprio energismo foi descartado, pois o conceito fundamental já não é de energia, mas de campo, e qualquer distinção qualitativa entre matéria e energia ou matéria e campo perdeu importância (cf. A. Einstein-L. Infeld, The Evolution of Physics, III; trad. it., pp. 251 ss.). [Abbagnano]