Taine

É muito curioso e significativo ler a introdução de Ribot à sua Psicologia inglesa contemporânea. Indagando o que possa ser ao justo a “filosofia”, vai separando dela pouco a pouco todas as ciências para lhe deixar finalmente quase que só os atributos da metafísica, pela qual deixa transparecer o mais perfeito desprezo. De fato, neste capítulo da história da filosofia tratar-se-á unicamente de psicologia, quando não for destas ciências ainda mais simples, a fisiologia e a biologia.

Isto já se deixa ver em Taine, que nos interessa aqui como historiador pela sua Filosofia da história e como filósofo pelo livro Da inteligência, publicado em 1870. Da sua famosa teoria da raça, do meio e do momento nada diremos senão que ele esqueceu aí o principal, isto é, o próprio homem, a pessoa. Da inteligência, porém, é um estudo extremamente cerrado da vida cerebral e das suas condições, chegando a esta conclusão paradoxal a que, entretanto, cientificamente não se pode fugir: que o cérebro, por sua própria atividade, pode engendrar imagens como o faz no sonho, que não age doutra forma no estado de vigília e que, por fim, o mundo exterior pode ser considerado como uma “alucinação verídica”. [Truc]