verdade ontológica

Se consideramos agora o vero nas coisas, ou como propriedade transcendental do ser, devemos dizer ainda que se define por uma ordenação à inteligência. E de novo, dois casos podem se apresentar: ou trata-se de uma inteligência da qual a coisa considerada depende, como a obra de arte do artista; ou trata-se de uma inteligência que, pelo contrário, se submete, como ao seu objeto, à coisa que conhece. No primeiro caso, que é o único essencial para a constituição da verdade ontológica, as coisas se subordinam, em última análise, à inteligência criadora primeira; a verdade é, então, a conformidade das coisas à inteligência divina de que dependem. No segundo caso, que define somente uma relação acidental das coisas a uma inteligência (a inteligência criada), a verdade torna-se somente a aptidão das coisas a ser o objeto de um intelecto especulativo, como o intelecto humano (Cf. Tomás de Aquino, Ia Pa. q. 16, a. 1).

Enfim, encontra-se a verdade:

– formalmente e principalmente na inteligência que julga;

– no sentido e na simples intelecção, ao mesmo título que em qualquer coisa verdadeira;

– nas coisas, essencialmente, enquanto são conformes à ideia segundo a qual Deus as criou;

– nas coisas, acidentalmente, em relação ao intelecto especulativo que as pode conhecer. [Gardeil]