A formulação exata da teoria tomista da analogia apresenta sérias dificuldades. Em nenhuma parte, o Doutor angélico estudou esta noção com uma certa amplitude e por ela mesma. Só se refere a ela por ocasião das contínuas aplicações que dela faz, o que confere às suas exposições um caráter relativo e incompleto e torna incômoda a harmonização dos seus conteúdos. A simples exegese é, aqui mais do que em outros lugares, insuficiente e não se pode evitar de reconstruir, como o fator de interpretação sistemática que isto supõe. Os grandes comentadores, pretendendo sem dúvida expor o pensamento do mestre, se permitiram este trabalho. Na primeira fileira destes não se pode evitar de colocar Caietano, com o seu célebre tratado De nominum analogia que fez escola. João de Tomás de Aquino, na sua Lógica, nada mais faz senão retomá-lo (Logica, IIa p.a, q. 13 e 14). Em nossos dias, a interpretação que tais comentadores dão é a mais comumente recebida entre os tomistas. Entretanto, um certo número, pretendendo se ligar mais fielmente ao texto de Tomás de Aquino, seguem de preferência Silvestre de Ferrara que, no seu Comentário do Contra Gentiles, se afasta em um ponto de seus êmulos (C.G., I, c. 34).
Em todo este desenvolvimento posterior do pensamento tomista, é útil assinalar que o adversário sempre suposto é Scoto, que havia afirmado a univocidade do ser. Suarez, que, como de hábito, havia tomado uma posição intermediária, é igualmente visado. É necessário dizer, na exposição elementar que vai seguir, que devemos renunciar a toda polêmica para nos manter na exposição simples da teoria que nos parece a melhor fundada. [Gardeil]