Temos, assim, três momentos constitutivos da linguagem, operando a competência e propiciando os desempenhos de qualquer língua: a saber, a referência universal às realizações, a atitude manifestativa da verdade na liberdade e a irrupção explosiva na totalidade do real. São estes três momentos que, unificados no discurso, trazem para as possibilidades da história o silêncio da realidade, essencial a qualquer realização. Mas, como advém o silêncio às falas? Ou por outra, como as realizações encontram vigor no retraimento da realidade que, ao mesmo tempo, limita e possibilita o discurso?
A referência universal das línguas fala sempre do real em suas realizações, mas, ao fazê-lo e para fazê-lo, se cala da realidade em silêncio.
A liderança ontológica das línguas remete constantemente as realizações de real mas, nesta remissão, cala o silêncio da realidade.
A irrupção explosiva da verdade no discurso e da liberdade na fala se empenha nas peripécias de ser e realizar-se, mas, em se empenhando, tem que calar a retirada silenciosa da realidade. [Carneiro Leão]