Pavlov

PAVLOV (Ivan Petrovitch), fisiólogo e médico russo (Riazan 1849 — Moscou 1936). Médico em 1879 na Academia militar de São Petersburgo, trabalhou, de 1884 a 1886, com os fisiólogos Rudolf Heidehain e Carl Ludwig na Alemanha, empreendendo, a partir de 1889, os célebres trabalhos sobre a digestão.. Em 1890, é nomeado professor de farmacologia em Tomsk e em São Petersburgo, onde preconiza o emprego do método experimental em fisiologia. Em 1904, recebe o prêmio Nobel (fisiologia e medicina) por seus estudos sobre as glândulas digestivas, publicados em 1897 em sua Conferência sobre a atividade das principais glândulas digestivas: Pavlov insistia aí sobre a ação do sistema nervoso na nutrição do organismo e nas relações estreitas que a nutrição institui entre o ser e o meio. Essa ideia fundamental de Pavlov já era de seu professor, o fisiólogo Ivan Setchenov (1829-1905). Mas Pavlov é conhecido principalmente pela descoberta que comunicou ao Congresso médico internacional de Madri: A psicologia e a psicopatologia experimentais sobre os animais. Nela revelava seus estudos sobre os “reflexos condicionados”, que consistem em produzir artificialmente uma certa reação automática do indivíduo (por exemplo, abaixar uma alavanca) a partir de um estímulo qualquer (por exemplo, uma descarga elétrica, um sinal luminoso). Em 1915, Pavlov publicou Dados sobre a fisiologia do sono, onde expõe uma teoria do sono como inibição de origem cortical, assim como uma teoria da hipnose e da histeria, afirmando a unidade do fisiológico e do psicológico, do objetivo e do subjetivo. Em 1921, um decreto de Lênin criava para as pesquisas de Pavlov a estação biológica de Koltuchi. Sua última obra essencial foi o artigo sobre o “reflexo condicionado” (1935) destinado à Grande enciclopédia médica soviética. O princípio geral dos trabalhos de Pavlov é o de uma diferença essencial entre a psicologia humana — que supõe a intervenção da linguagem, do conceito e da inteligência — e a fisiologia animal — que supõe apenas a atividade nervosa superior. Esse princípio inscreve-se numa doutrina geral materialista que leva a considerar a linguagem — de onde nascem os conceitos da inteligência humana — como uma reação de segundo grau, um “segundo sistema de sinalização” superpondo-se à reação de primeiro grau (“primeiro sistema de sinalização”), que constituem os reflexos nervosos. Em suma, há repercussão das reações nervosas na esfera da consciência: as condutas conscientes e aparentemente voluntárias podem ser dominadas e determinadas por um condicionamento nervoso apropriado. Assim se apresenta, no conjunto da doutrina pavloviana, a teoria dos “reflexos condicionados”. Os trabalhos de Pavlov, continuados por Bechterev, estão na base da psicologia do comportamento e dos estudos dos reflexos que permitem ao homem adaptar-se a técnicas complexas (trabalho em cadeia, vôos espaciais, e todo o conjunto de reações automáticas da inteligência em situações complexas). [Larousse]