naturalismo

(in. Naturalism; fr. Naturalisme; al. Naturalismus; it. Naturalismo).

Esse termo tem três significados diferentes:

1) Doutrina para a qual os poderes naturais da razão são mais eficazes que os produzidos ou promovidos pela filosofia no homem. Nesse sentido, Kant dizia: “O naturalista da razão pura admite, por princípio, que através da razão comum, sem ciência (que ele chama de ‘razão sã’), pode-se concluir mais sobre as questões superiores da metafísica, do que por meio da especulação. Afirma, pois, que o tamanho e a distância da lua podem ser determinados com mais segurança a olho nu que por meio da matemática” (Crít. R. Pura, Doutrina do método, cap. IV).

2) Doutrina segundo a qual nada existe fora da natureza e Deus é apenas o princípio de movimento das coisas naturais. Nesse sentido, que é o mais difundido na terminologia contemporânea, fala-se do “naturalismo do Renascimento”, do “naturalismo antigo”, do “naturalismo materialista”, etc.

3) Negação de qualquer distinção entre natureza e supranatureza e tese de que o homem pode e deve ser compreendido, em todas as suas manifestações, mesmo nas consideradas superiores (direito, moral, religião, etc), apenas em relação com as coisas e os seres do mundo natural, com base nos mesmos conceitos que as ciências utilizam para explicá-los. É esse o sentido atribuído ao termo naturalismo por muitos filósofos americanos (Santayana, Woodbridge, Cohen) e pelo próprio Dewey (Experience and Nature, cap. III, e passim). [Abbagnano]


A doutrina que nega a existência do sobrenatural. — Opõe-se ao sobrenaturalismo ou supranaturalismo. A filosofia de Spencer, como toda filosofia materialista, é um naturalismo no sentido em que explica a formação da natureza e dos seres vivos a partir de um princípio vital imanente e material; o naturalismo recusa a ideia de uma criação divina. Por isso, pode também tomar a forma do “panteísmo”: tem-se aproximado, às vezes, o panteísmo de Spinoza (Deus sive natura [Deus ou natureza]) da filosofia da natureza de Schelling e dos românticos alemães (Novalis, Jacobi, Schelegel). Contudo, de um ponto de vista rigoroso, é necessário distinguir o panteísmo do naturalismo propriamente dito, que considera a natureza material como o absoluto e que implica assim na negação de toda ideia de Deus. O naturalismo é, por vocação, um materialismo. Do ponto de vista teológico, o naturalismo consiste em afirmar a bondade da natureza humana e negar a necessidade da graça (intervenção sobrenatural); A Igreja considerou-o uma heresia. Finalmente, como doutrina social, o naturalismo explica o desenvolvimento da sociedade humana a partir das leis da natureza: clima, geografia, biologia etc. (malthusianismo, “darwinismo social”); opõe-se às teorias que ligam o desenrolar da história à intervenção de uma Providência, ou que consideram esse desenrolar como o desenvolvimento de um “plano divino”. — Não confundir com o naturalismo em literatura (escola literária agrupada em torno de Zola e que preconizava uma forma de realismo estético). [Larousse]