heurística

Palavra moderna originada do verbo grego heurisko = acho: pesquisa ou arte de pesquisa. Diferente de erística. (Abbagnano)


Heurística é a arte de resolver problemas. Não é uma “ciência” no sentido usual da palavra, pois não há regras definidas que nos levem, diante de um problema, a saber solucioná-lo. Mas a heurística acha que resolver problemas é uma “arte”, ou uma “técnica”: assim como um garoto, se treinando diariamente durante sete ou oito anos a tocar violino, vai ser um violinista mais ou menos competente (embora possivelmente não um intérprete brilhante), a heurística pressupõe que, treinando-se um indivíduo à solução de problemas — especificamente, problemas que possam ter formulação matemática, ele será capaz de resolvê-los, mesmo se “complicados” ou “difíceis”, e sem a ajuda de nenhum talento especial. Esta concepção de uma certa espécie de criatividade como resultando de um treino contínuo pode nos surpreender, mas é preciso que lembremos, por exemplo, como Ludwig van Beethoven foi desde cedo educado por seu pai para “ser um novo Mozart”. O matemático Hermann Weyl, que colaborou no desenvolvimento da teoria da relatividade e da mecânica quântica, sugere no seu livro Espaço, Tempo, Matéria como o próprio domínio da matemática resulta não de uma intuição especial, mas sim de muito treino e trabalho “braçal” sobre o algebrismo.

O desenvolvimento da heurística acompanhou o desenvolvimento da pesquisa operacional. Assim como esta disciplina, premida pela urgência do esforço de guerra, procurava’ atalhos não-ortodoxos para a solução’ de problemas envolvendo organizações econômica e sociais, a heurística também procurou se desenvolver ao longo da mesma tendência “não-ortodoxa”. Na sua exposição mais simples e mais famosa o livro de G. Pólya, How to Solve it, há uma coleção de “técnicas” e “regras práticas” mostrando os tipos mais comuns de operações mentais características da resolução de um problema. As ideias de Pólya parecem girar em torno da regra “preste atenção à incógnita!” “veja onde você quer chegar!”. Esta regra é uma espécie de extensão da técnica muito utilizada em geometria e em alguns problemas de álgebra, onde supõe-se resolvido o problema e procura-se fazer o caminho “para trás”.

Muitos trabalhos foram e vem sendo dedicados à criatividade matemática e, em especial, à heurística; entre eles destacam-se os livros de Jacques Hadamard, Max Wertheimer e, mais recentemente, o trabalho de Arthur Koestler. A heurística costuma ser enfatizada como um método de solução de problemas “em grupo”; como tal, sua aplicação mais difundida se acha nas técnicas de administração e controle de organizações, e na utilização, mensuração e regulagem do funcionamento de grupos sociais, em auxílio às técnicas da pesquisa operacional. (Francisco Doria – DCC).