Segundo os neopositivistas, o sentido da proposição consiste no método de sua verificação ou, segundo formulação diferente mas que vem a dar no mesmo: “a proposição tem então, e só então, sentido, quando é verificável”. De fato, e esta é a tese dos neopositivistas, só se conhece o sentido de uma proposição quando se sabe se é verdadeira ou falsa. Quer isto dizer que o método de verificação deve sempre ser dado simultaneamente com o sentido e vice-versa, o que, em virtude do princípio leibniziano dos indiscerníveis, equivale a afirmar que método e sentido são uma e a mesma coisa.
Estas declarações, já em si suficientemente revolucionárias, tornam-se ainda mais paradoxais por uma outra afirmação essencial para a doutrina neopositivista: a verificação deve ser sempre intersubjetiva, quer dizer, deve poder ser realizada em princípio pelo menos por dois observadores. Se tal não for o caso, a verdade da proposição não pode ser demonstrada, nem esta pode ser uma proposição científica. Todavia, como toda verificação intersubjetiva é verificação pelos sentidos, não é possível verificar outras proposições a não ser as atinentes aos corpos e seus movimentos; todas as proposições da psicologia introspectiva e da filosofia clássica são inverifieáveis, isto é, carecem de sentido. Por conseguinte, a única linguagem dotada de sentido é a da física (fisicalismo) e é mister unificar todas as ciências sob este ponto de vista (linguagem unitária e ciência unitária).
Uma condição deve ainda ser satisfeita para que a proposição tenha sentido: deve ser construída segundo as regras sintáticas da linguagem. Podemos dizer com pleno sentido: “o cavalo come”, mas “come come” não tem sentido. A filosofia clássica peca não só contra o princípio da intersubjetividade, mas muitas vezes também contra a sintaxe. Assim, por exemplo, as expressões empregadas pelos existencialistas não têm sentido. ‘”O nada nadifica” de Heidegger é exemplo clássico disso. “Nada” aparece na forma de substantivo, mas não é substantivo em sentido lógico. É um sinal de negação e nunca pode assumir a função de sujeito.
Partindo destes princípios, os neopositivistas aplicaram-se com ardor ao exame dos pseudoproblemas da filosofia. Carnap distingue várias funções da linguagem: esta pode significar alguma coisa ou exprimir unicamente desejos e sentimentos. A filosofia clássica confundiu este duplo sentido da expressão; as proposições dos filósofos exprimem provavelmente sentimentos, mas não significam coisa alguma. Problemas da filosofia clássica — como o problema do realismo, da existência de Deus, etc, — são pseudoproblemas e só se perde tempo em procurar resolvê-los. A filosofia deve circunscrever-se à análise da linguagem científica com métodos lógicos. Tudo o mais é “metafísico”, e portanto vazio de sentido. [Bochenski]