temperança

(gr. sophrosyne; lat. temperantia; in. Temperance; fr. Tempérance; al. Besonnenheit; it. Temperanza).

Uma das virtudes éticas de Aristóteles, mais precisamente a que consiste no justo uso dos prazeres físicos. Aristóteles notava que a temperança não se refere a todos os prazeres físicos (não compreende, p. ex., os que derivam da visão ou da audição), mas apenas os que derivam da alimentação, da bebida e do sexo (Et. Nic, III, 9-12). Platão definiu a temperança de modo diferente: para ele, era “a amizade e a concordância das partes da alma, existentes quando a parte que comanda e as que obedecem concordam na opinião de que cabe ao princípio racional governar, e assim não se lhe opõem”; segundo Platão, isso é temperança, tanto para o indivíduo quanto para o Estado (República, IV. 442 b). Os estoicos definiram a temperança como “a ciência das coisas a serem desejadas e das coisas a serem evitadas” (Stobeo, Ecl, II, 6, 102). A ética de Demócrito também cuidou do assunto: “A sorte nos dá a mesa suntuosa; a temperança nos dá a mesa em que nada falta” (Fr. 210, Diels). [Abbagnano]


temperantia (lat.) = temperança (moderação).

Uma das quatro virtudes cardeais. Consiste na moderação das tendências aos apetites sensíveis, cuja satisfação desregrada põe em risco a saúde do corpo e da alma, contendo os desejos dentro dos limites justos, estatuídos pela razão. A temperança para com os alimentos é a sobriedade; para com a prática dos atos sexuais é a castidade; para com a exibição do que ofende a castidade é a pudicícia; no refrear as paixões e a concupiscência é a continência; no apetite das glórias humanas é a humanidade; no moderar a ira é a mansuetude ou clemência; na moderação dos aspectos exteriores é a modéstia; a moderação no castigar é a clemência.

Seu contrário é a intemperança, a imoderação, que surgem dos excessos que levam a perder o justo meio. Sem dúvida que, para a plenitude humana, tais virtudes são exigidas, pois como pode o homem concretamente atingir o máximo da perfeição humana sem tais fundamentos virtuosos? E não é só a presença dos mesmos, mas a sua harmonização, pois onde há valentia sem a prudência, não se alcança os excessos contrários a tais virtudes? Pode a moderação sem a prudência ser completa, e também a justiça sem a moderação, sem a valentia e sem a prudência? E de que vale a prudência se não lhe assistirem a valentia, a justiça e a moderação? É a harmonização de tais virtudes que constitui o fundamento ético do homem. E as normas morais, estabelecidas no âmbito social, tendem a dar o imperativo que determina o cumprimento delas, sem as quais o homem não atinge concretamente a plenitude de si mesmo na imanência social. A educação ética do homem, portanto, deve tender ao desenvolvimento de tais hábitos (virtudes), e a pedagogia devia estudá-las para achar as verdadeiras normas educativas, capazes de construir homens prudentes (sábios), justos, valentes e moderados. Sem tais virtudes, o homem, concretamente, falha; não atinge a sua plenitude possível. [MFSDIC]